Economista alerta que a representatividade local no Brasil era de 1,46%, há 11 anos. O percentual diminuiu para 0,83%.
Mesmo com o incremento do agronegócio da exportação cearense de 113%, no período compreendido entre os anos de 1999 e 2010, a participação do Estado no volume total brasileiro negociado para fora do País caiu quase a metade em igual intervalo. Há 11 anos, o Ceará representava 1,46% de todas as exportações do agronegócio nacional. No ano passado, esse índice foi de apenas 0,83%. Uma retração de 0,63 ponto percentual, que foi se acentuando com o passar da última década.
O alerta é do economista Demartone Coelho Botelho, que representa a Universidade Federal do Ceará (UFC), no Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ele aponta as razões que fizeram a evolução de outras unidades federativas ter sido maior do que a do Ceará, neste segmento, em específico. "Houve um aumento nas exportações de soja, carne e açúcar. Isso beneficiou, especialmente, os estados localizados no Centro-Oeste e do Sudeste", afirmou o especialista.
Evolução inferior
Conforme Demartone, com base nos dados fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o agronegócio cearense cresceu, mas não o suficiente para acompanhar a elevação média nacional.
"Dá para perceber aí que há uma inflexão a partir de 2004, quando ocorre uma queda contínua na curva do avanço das exportações do agronegócio local", analisou ele.
De acordo com o economista, o crescimento das vendas para o exterior do setor foi de US$ 299 milhões em produtos, em 1999, para US$ 637 milhões, em 2010. Enquanto, segundo ele, o incremento das exportações totais foi bem superior, de 239%, ou seja, de US$ 371 milhões para US$ 1.259 milhões, em similar período de comparação.
"Fato que mostra que o segmento de exportação agrícola avança em um ritmo mais lento em relação ao crescimento das exportações dos demais setores da economia do Estado", comentou Demartone.
A diferença fica ainda mais evidente quando se analisa a evolução das exportações do agronegócio do Brasil, que subiu 273% ante os 113% do Ceará, passando de US$ 20,5 bilhões para US$ 76,4 bilhões, entre 1999 e 2010.
Produtos
Os produtos cearenses ligados à cadeia do agronegócio que mais apresentaram crescimento nas exportações, no intervalo dos últimos 11 anos, foram os sucos de frutas com um incremento de 5.800% (de US$ 0,5 milhão para US$ 29,5 milhões); flores, com 3.200% (de US$ 0,1 milhão para US$ 3,3 milhões); frutas, uma alta de 4.638% (de US$ 2,1 milhões para US$ 99,5 milhões); peles e couros, com 585% de evolução (de US$ 23,9 milhões para US$ 163,8 milhões); ceras vegetais, uma elevação de 116% (de US$ 20,2 milhões para US$ 43,6 milhões); extrato vegetal, com 67% de crescimento (US$ 5,2 milhões para US$ 8,7 milhões); e castanha de caju, avanço de 57% (de US$ 115,8 milhões para US$ 182 milhões).
Por outro lado, houve uma queda de 87% (de US$ 6,2 milhões para US$ 0,8 milhão) na exportação de camarão. "Praticamente, não há mais existe mais produtores para vendas no exterior desse tipo de negócio, no Estado", frisou o especialista, que aproveitou para fazer uma crítica quanto à atuação do governo estadual em relação ao segmento. "Não basta fomentar a agricultura familiar. Isso é importante, mas faltam investimentos na agricultura irrigada como havia antes", opinou.
Comportamento
113% foi o crescimento das vendas locais para o exterior dos produtos ligados ao segmento, entre 1999 e 2010. No Brasil, essa evolução foi bem superior, chegando, em similar intervalo, a 273%.
87% foi a retração registrada na exportação do camarão do Estado, que se acentuou durante os últimos 11 anos. O recuo foi de US$ 6,2 milhões para US$ 0,8 milhão, até o ano passado
ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER
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