A beleza é a forma sob a qual a inteligência prefere estudar o mundo. Todo o privilégio é o da beleza, porque há muitas belezas: a beleza da natureza, a beleza da fisionomia e da forma humana, a beleza das maneiras, a beleza da inteligência ou do método, a beleza moral ou da alma. Os antigos acreditavam que, ao nascimento de cada mortal, um gênio ou demônio tomava posse dele para o dirigir, e que se viam, às vezes, esses gênios sob a forma de uma chama de fogo, em parte mergulhada no corpo que governavam. Quando era um homem mau, a chama se punha sobre sua cabeça, quando era um homem bom, mesclava-se à substância.
Atribuímos a beleza ao que é simples, ao que não te partes supérfluas, correspondendo exatamente a seus fins, está unida ao conjunto e serve de mediador entre muitas coisas opostas. É a mais estável das qualidades, e é a qualidade mais elevada. Entre os gregos, pensava-se que uma pessoa bela atraía, por isso, algum favor secreto dos deuses imortais; e bem podemos perdoar o orgulho de uma mulher quando vemos que possui uma forma tal que, em toda parte onde se detém, ou caminha, ou projeta uma sombra na parede, ou posa diante de um artista que lhe faz o retrato, ela presta um favor ao mundo. E, entretanto, não é a beleza que inspira a paixão mais profunda. A beleza sem graça é um anzol sem isca. A beleza sem expressão, fadiga. Dizia o abade Ménage: “Que só serve para posar para seu retrato”.
Ralph Waldo Emerson
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