Se possivel, não devemos alimentar animosidade contra ninguém, mas observar bem e guardar na memória os procedimento de cada pessoa, para então fixarmos o seu valor, pelo menos naquilo que nos concerne, regulando, assim, nossa conduta e atitude em relação a ela, sempre convencidos da imutabilidade do caráter. Esquecer qualquer traço ruim de uma pessoa é como jogar fora dinheiro custosamente adquirido. No entanto, se seguirmos o presente conselho, estaremos nos protegendo da confiabilidade e da amizade tolas. “Não amar, nem odiar”, eis uma sentença que contém a metade da prudência do mundo; “nada dizer e em nada acreditar” contém a outra metade. Decerto, daremos de bom grado as costas a um mundo que torna necessárias regras como as seguintes.
- Mostrar cólera e ódio nas palavras, ou no semblante é inútil, perigoso, imprudente, ridículo e comum.
- Falar sem elevar a voz: essa antiga regra tem por alvo deixar ao entendimento dos outros a tarefa de descobrir o que dissemos. Tal entendimento é vagaroso. Com maneiras polidas e tom amigável pode-se falar grandes asneiras a muitas pessoas sem perigo imediato.
Schopenhauer
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