terça-feira, 8 de maio de 2012

Vaidade


A vaidade ajuda a perpetuar a memória dos homens, e a virtude nunca foi considerada pela natureza humana como digna de receber mais do que um prêmio de segunda mão. A glória de Cícero, de Sêneca, de Plínio o Moço, não teria durado tanto tempo se eles não fossem de algum modo vaidosos; a vaidade é como o verniz, que não só faz brilhar, mas também durar, as madeiras. No seu coração, os homens desejam ser estimados, mas eles cuidadosamente ocultam esse desejo porque querem passar por virtuosos e porque o desejo de receber da virtude qualquer vantagem além dela mesma não seria ser virtuoso, mas amar a estima e o elogio — ou seja, ser vaidoso. Os homens são muito vaidosos, mas não há nada que eles mais detestem do que serem considerados vaidosos.




Jean de La Bruyére



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