sexta-feira, 8 de julho de 2011

Longe

Azuis os montes que estão longe param.

De eles a mim o vário campo ao vento, à brisa,

Ou verde ou amarelo ou variegado,

Ondula incertamente.

Débil como uma haste de papoila

Me suporta o momento. Nada quero.

Que pesa o escrúpulo do pensamento

Na balança da vida?

Como os campos, e vário, e como eles,

Exterior a mim, me entrego, filho

Ignorado do Caos e da Noite

Às férias em que existo.



Fernando Pessoa



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