sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Amor

Francisco Otavio Cunha Pires


O amor é carinho, é afago, é paixão
Sede, é calor e emoção.
É renúncia, ânsia e traição.
Choro, ranger de dentes, ira e perdão.
Perda de sono, medo e armação.

Café amargo, dor no coração.
Frio, calafrio, mentira, nobreza, pé-no-chão.
É acalanto, é pôr-do-sol, é beira-mar.
É leveza, é pluma ao vento, canção de niná.
É sufoco, é grito, perda de peso, falta de ar,

Juras, perjúrio, morte e renascer.
É cantar, rezar, pular, dançar, correr, trepar.
É banho de rio. É sonhar.
É chegar junto. É ficar perto.
É morrer sem ver a morte.

É alegria, é saudade, é um aperto.
É da navalha o fio, é um corte.
É uma coisa gostosa,
Amarga, acre, azeda, ácida, saborosa,
É algodão doce, é peso nos ombros,

É pluma ao vento, é ponto sem nó.
É sangrar sem piedade, sem dó,
É aconchego, é paz, é um tormento
É ressurgir das cinzas, dos escombros
É liberdade. É uma carga.. É um sonho.
É ficar mudo, surdo e tristonho,

É tirania, é intimidade, é parceria.
É ciúme, loucura, selvageria,
É praia chã, é plantio, é rega, é nascimento,
É trato, é afago, é mimo, é crescimento
É colheita, secagem, beneficiamento.
É cansaço... É a lida, é no peito a ferida,
É, simplesmente, a vida revivida.
*

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Rifa-se um coração

Clarice Lispector

Rifa-se um coração

Rifa-se um coração quase novo.

Um coração idealista.

Um coração como poucos.

Um coração à moda antiga.

Um coração moleque que insiste

em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um

pouco usado, meio calejado, muito machucado

e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.

Um pouco inconseqüente que nunca desiste

de acreditar nas pessoas.

Um leviano e precipitado coração

que acha que Tim Maia

estava certo quando escreveu...

"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,

é isso que eu espero...".

Um idealista...Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.

Que não endurece, e mantém sempre viva a

esperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racional

sendo louco o suficiente para se apaixonar.

Um furioso suicida que vive procurando

relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer

sempre os mesmos erros.

Esse coração que erra, briga, se expõe.

Perde o juízo por completo em nome

de causas e paixões.

Sai do sério e, às vezes revê suas posições

arrependido de palavras e gestos.

Este coração tantas vezes incompreendido.

Tantas vezes provocado.

Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional

que abre sorrisos tão largos que quase dá

pra engolir as orelhas, mas que

também arranca lágrimas

e faz murchar o rosto.

Um coração para ser alugado,

ou mesmo utilizado

por quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado indicado apenas para

quem quer viver intensamente

contra indicado para os que apenas pretendem

passar pela vida matando o tempo,

defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente

que se mostra sem armaduras

e deixa louco o seu usuário.

Um coração que quando parar de bater

ouvirá o seu usuário dizer

para São Pedro na hora da prestação de contas:

"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,

só errei quando coloquei sentimento.

Só fiz bobagens e me dei mal

quando ouvi este louco coração de criança

que insiste em não endurecer e,

se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por

outro que tenha um pouco mais de juízo.

Um órgão mais fiel ao seu usuário.

Um amigo do peito que não maltrate

tanto o ser que o abriga.

Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,

mas que incomoda um bocado.

Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda

não foi adotado, provavelmente, por se recusar

a cultivar ares selvagens ou racionais,

por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio,

sem raça, sem pedigree.

Um simples coração humano.

Um impulsivo membro de comportamento

até meio ultrapassado.

Um modelo cheio de defeitos que,

mesmo estando fora do mercado,

faz questão de não se modernizar,

mas vez por outra,

constrange o corpo que o domina.

Um velho coração que convence

seu usuário a publicar seus segredos

e a ter a petulância de se aventurar como poeta

*

ERRE CERTO

Gisela Kassoy

Você vai errar. Não tem jeito.

Não falo sobre erros que podem ser evitados, mas daqueles que são frutos das mudanças que nos cercam: o que dava certo pode não dar mais, as inovações que geramos podem conter equívocos

O jeito é aprender a lidar com o erro. O primeiro passo é conceituá-lo novamente: uma resposta diferente ao que foi planejado não é necessariamente um resultado ruim. Sobretudo, um erro não é mais razão para que se desista de um projeto.

Sempre me intrigou a mágica que acontece nos bastidores de algumas convenções: o equipamento que falha, um palestrante que não pôde comparecer, e nos vemos forçados a alterar nossos planos. Ao fim, parece que nada poderia ter sido melhor do que a mudança: É como se o incidente tivesse gerado uma energia e uma criatividade especial...

É claro que as coisas não têm de ser assim, mas é preciso deixar uma porta aberta para a criatividade e o improviso à medida que as interações surgem

Este dom pode ser levado para o campo das inovações. Há inúmeros exemplos de produtos bem sucedidos que foram frutos de erros ou do acaso – a maionese, a penicilina e o post it são alguns deles. Há casos também de produtos destinados a um público-alvo que acabaram fazendo sucesso junto a outros públicos, como os caixas eletrônicos nos Estados Unidos: destinados inicialmente a executivos, acabaram sendo utilizados acima de tudo por imigrantes que não falavam bem o inglês.

E qual é afinal esta nova forma de lidar com o erro? Seguem algumas dicas: Planeje sempre

Além do plano B e do plano C, mantenha um estado de alerta permanente para os resultados. Preocupe-se não apenas em acertar, mas em aprender extrair as lições do imprevisto. Se não servirem para um projeto atual, servirão para o próximo. Previna-se

Faça uma lista das possíveis conseqüências favoráveis e desfavoráveis Não pense em soluções perfeitas, mas sim naquelas cujos benefícios valem a pena. Divida as conseqüências ruins em reversíveis e irreversíveis. Prepare-se para administrar as primeiras e evitar as segundas. Diferencie erro de surpresa

Não considere errado tudo o que for diferente do planejado. Procure as oportunidades embutidas nas surpresas. Provavelmente você as encontrará. Corrija rápido

Se algo realmente não estiver dando certo, corrija. A grande sabedoria aqui está em distinguir persistência de "murro em ponta de faca". Pessoas bem sucedidas tendem a não desistir dos resultados que querem alcançar, mas são flexíveis com relação à forma de atingi-los. Improvise

Desenvolva e utilize esta habilidade. Ela é fundamental, principalmente quando se lida com pessoas. Não adianta exigir os comportamentos que você gostaria de presenciar. Pelo contrário, reconheça que as respostas dos outros são tesouros para seu aprendizado.

Erre sim. Erre muito, mas erre bem. Assim você garantirá seus acertos.

*

E o PIB agrícola?

Observando a taxa de crescimento do PIB, Produto Interno Bruto, pelo índice de volume do valor adicionado, no período 1985-2006, considerando-se a mudança metodológica ocorrida no referido cálculo para o período de 2003 a 2006, percebe-se que o PIB da agropecuária cearense no período 1985-2006 registrou um acréscimo modesto de 22% contra uma expansão de 107% registrada na agropecuária brasileira e de 95% para a do Nordeste. Neste mesmo período quando se analisa o PIB Total, o Ceará registrou um crescimento de 102%, superior ao do Brasil e a do Nordeste que acusaram uma elevação de 74% e 78%, respectivamente.



O VBP médio (valor bruto da produção) de lavouras a preços de 2008, do Brasil passou de R$ 115 bilhões obtido entre 1990-94 para R$ 116 bilhões alcançado entre 2005-07, comparando-se os referidos períodos houve um incremento de 1% no VBP médio brasileiro, já o Estado do Ceará apresentou uma redução de 18% para o Ceará nos citados intervalos.



Diante do exposto chegamos a conclusão de que a agropecuária cearense não vem acompanhando o ritmo de expansão registrados no Nordeste e Brasil, pois apesar de todos esforços e investimentos realizados a agropecuária cearense acusou apenas um acréscimo 21% da média nacional.






Demartone Coelho Botelho


Economista e representante da UFC no GCEA/IBGE-CE




Rogério Barbosa Soares


Engenheiro Agronomo e representante do IPECE no GCEA/IBGE-CE



*




Felicidade

Aristóteles

ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue sua alegria, sua paz, sua vida nas mãos

de ninguém. somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos,

da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.

a razão da sua vida é você mesmo. a tua paz interior ´r a tua meta de vida; quando sentires um vazio

na alma, quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, remete teu pensamento

para os teus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe em você. pare de colocar sua felicidade

cada dia mais distante de você.

não coloque objetivo longe demais de suas mãos, abrace os que estão ao seu alcance hoje

se andas desesperado por problemas finaceiros, amorosos, ou de relacionamentos familiares, busca em teu interior a resposta para acalmar-te, você é reflexo do que pensa diariamente

pare de pensar mal de você mesmo(a), e seja seu melhor amigo(a). sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. então abra um sorriso para aprovar o mundo que te oferece

o melhor. com um sorriso no rosto as pessoas terão as melhores impressões de você, e você estará

afirmando para você mesmo, que está pronto para ser feliz.

trabalhe, trabalhe muito a seu favor. pare de esperar a felicidade sem esforços. para de exigir das

pessoas aquilo que nem você conquistou ainda;

a grandeza não consiste em reber honras, mas em você merecê-las.

*

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Dindi

Antonio Carlos Jobim, Aloysio de Oliveira, Ray Gilbert


Céu, tão grande é o céu
E bandos de nuvens que passam ligeiras
Prá onde elas vão, ah, eu não sei, não sei
E o vento que toca nas folhas
Contando as histórias que são de ninguém
Mas que são minhas e de você também
Ai, Dindí
Se soubesses o bem que eu te quero
O mundo seria, Dindí, tudo, Dindí, lindo, Dindí
Ai, Dindí
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindí
Olha, Dindí, fica, Dindí
E as águas desse rio
Onde vão, eu não sei
A minha vida inteira, esperei, esperei por vo...cê, Dindí
Que é a coisa mais linda que existe
É você não existe, Dindí

*

O Que Tinha Que Ser

Tom Jobim / Vinícius de Moraes


Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher.

Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser.



*

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Navegue

Fernando Pessoa


Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles
é lá.
Admire a lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é
para todos.
Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa
de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só
o seu.
As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas
as faces.
O sorriso! Esse você deve segurar, não deixe-o ir embora, agarre-o!
Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave!
Quem você ama é a maior jóia que você possui, a mais valiosa.
Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é
outro, se a idade aumenta; conserve a vontade de viver, não se chega à
parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não
enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo
também.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar
necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!
"Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada".


*

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Amor e convivência

Franciso Otávio Cunha Pires

Como colibri da roseira

Você também, meu calor,

Merece uma cachoeira

Do néctar do meu amor

Quando eu era todo encantos

Tu aos cantos só sorrias

Hoje, junto aos desencantos,

Tu no canto ainda rias

Passa o tempo e viram anos,

Anos chegam e o tempo passa

Mas não passam os desenganos

Do meu ser, o filme que repassa

Na minha alma? Meus enganos

Mas o amor maduro perpassa

(ultrapassa)?

Da minha alma, os enganos,

Do meu ser, só não passa

O amor em chama, que perpassa

*

A poesia e a verdade

Jeremy Bentham

De facto, entre a poesia e a verdade existe uma natural oposição: falsa moral e natureza fictícia. O poeta sempre necessita de algo falso. Quando ele pretende fincar os seus fundamentos na verdade, o ornamento da sua superestrutura é feito de ficções; a sua acção consiste em estimular as nossas paixões e excitar os nossos preconceitos. A verdade, a exactidão de todo o tipo, é fatal à poesia. O poeta tem de olhar tudo através de meios coloridos e esforça-se a levar cada pessoa a fazer o mesmo. Existem espíritos nobres, é verdade, com os quais a poesia e a filosofia estão igualmente em dívida, mas essas excepções não contrabalançam os danos resultantes dessa arte mágica.

*

Julgamento

Confúcio

Devido ao homem ter tendência para ser parcial para com aqueles a quem

ama, injusto para com aqueles a quem odeia, servil para com os seus

superiores, arrogante para com seus inferiores,cruel ou indugente para

os que estão na miséria ou na desgraça, é que se torna tão difícil

encontrar alguém capaz de exercer um julgamento perfeito

sobre as qualidades dos outros.

*

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Bem diferentes de hoje

José Júlio da Ponte



faz muito tempo
mas não tanto tempo
que me faça esquecer aquele tempo,
tempo em que tinha tempo
de conversar e amar por longo tempo,
pois ainda não se era escravo do tempo.
sinto saudades daquele tempo,
dos sonhos adolescentes daquele tempo,
da pureza da gente daquele tempo,
dos amores e valores que se perderam com o tempo.
na praça, jovens enamorados curtiam o tempo,
na calçada, os vizinhos "matavam" o tempo,
no campo, os agricultores observavam o tempo,
à espera de chuva, pois de chuva já era tempo.
ah! se eu pudesse retroceder no tempo,
para fugir das tantas misérias do atual tempo!
*

Os desafios

Séneca

Os desafios não são difíceis porque tentamos; é por não tentarmos que são difíceis

*

Poeta

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração

*

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Amamos

Fernando Pessoa
Amamos sempre no que temos o que não temos quando amamos
*

Educação

Padre Antonio Vieira

A boa educação é uma moeda de ouro.

A mais fácil de todas as companhias da alma é a esperança.

A nossa alma rende-se muito mais pelos olhos do que pelos ouvidos.

A restituição do respeito é muito mais difícil do que a restituição do dinheiro.

A vista dos bens alheios cresce o sentimento dos males próprios.

Amor e ócio são os dois mais poderosos afetos da vontade humana.

As ações de cada um são a sua essência.

As ações generosas, e não os pais ilustres, são as que fazem fidalgos;.

Está o mundo cheio de hipócritas, e quase todos são Cirineus que, levando a cruz, não morrem nela.

Instruir é construir.

Livro é um mudo que fala, um surdo que responde; um cego que guia, um morto que vive.

Mais afronta a mesura de um adulador do que a bofetada de um inimigo.

Melhor é perder o ofício e a vida, que reter o oficio e perder a consciência.

Muitos neste mundo alcançam os cargos só pelo merecimento do seu vestido.

Muitos parentes são da fortuna, não da pessoa.

Não basta ver para ver, é necessário olhar para o que se vê.

Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe, portanto, só existimos nos dias que fazemos. Nos dias em que não fazemos, apenas duramos.

O caminho da verdade é único e simples; o da falsidade, vários e infinitos.

O fruto quando está maduro, se não é colhido, cai e apodrece. Não está a felicidade em viver muito, senão em viver bem.

O melhor comentador da profecia é o tempo.

O melhor retrato de cada um é aquilo que se escreve.

Olha cada um para suas quedas conhecerás as suas cegueiras.

Onde há muito em que escolher, não pode haver pouco sobre que duvidar.

Ordinariamente vemos grandes resplendores, onde não há luz, e grandes luzes sem nenhum resplendor.

Para conseguir efeitos grandes e para levar a cabo empresas difíceis, mais segura e uma ignorância bem aconselhada do que uma ciência presumida.

Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras.

Qualquer pessoa que quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem.

Quem em tudo quer parecer maior, não é grande.

Quem quer mais que lhe convém, perde o que quer e o que yem.

Quereis só o que podeis.

Vencer é avantajar-se, competir é medir-se.

*

A mente

Einstein

A mente avança até o ponto onde pode chegar, mas depois passa por uma dimensão superior, sem saber como lá chegou;Aprendizado é ação. Do contrário, é só informação.Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.

*

AMOR

Carlos Drummond de Andrade

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino - o amor.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... Se você preferir morrer, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixa-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio.
Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.

*

Que conta é esta?

A safra de grãos de 2008 foi a segunda maior safra da história no estado do Ceará. Porém, se observarmos o valor da produção em valores constantes a preços de 2008, deflacionados pelo o IGP-DI da FGV, ocupa a 36ª posição no período 1947-2008.

Tomando como base o quinquênio 1970-74 comparando com o intervalo 2005-08, o Valor Bruto da Produção de Grãos (VBP) acusou uma queda, em valores reais, de 70%, devido sobretudo a expressiva queda no VBP de algodão de 99%, além da diminuição no VBP de 77% para amendoim, arroz de 51% , feijão de 25%, mamona de 92% e milho de apenas 5%.

Este fato se explica A perda na renda foi agravada pela substituição do algodão como que era o principal produto gerador de renda no passado pela entrada expansão do milho que é um produto de valor relativo mais baixo, em média, representa de apenas 35% do preço do algodão.

Outro fator que contribuiu para a redução na renda dos produtores cearenses foi a tendência natural de redução dos preços de commodities no mercado mundial, resultado da adoção de novas tecnologias para o aumento na produtividade dos novos cultivares geneticamente melhoradas (tecnologia biológica) e da mecanização intensiva que reduz a necessidade de mão de obra na agricultura (tecnologia mecânica).

Portanto, calculado pela média do quinquênio, a produção média no período 2005-2008, que registra as duas maiores safras de grãos no Ceará, representa 30% do valor médio do intervalo 1970-74, ou seja, apesar de todos esforços realizados pelo o governo do Estado, o agricultor familiar ganha hoje uma renda de apenas 30% da renda equivalente ao do que realmente recebia no período 1970-74.

Demartone Coelho Botelho

Economista e representante da UFC no GCEA/IBGE-CE


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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Tédio

Blaise Pascal

A única coisa que nos consola das nossas misérias é o divertimento e, contudo, é a maior das nossas misérias. Porque é isto que nos impede, principalmente, de pensar em nós, e que nos faz perder, insensivelmente. Sem isso, estaríamos no tédio, e este tédio nos levaria a procurar um meio mais sólido de sair dele. Mas o divertimento, distrai-nos e faz-nos chegar, insensivelmente à morte.



Schopenhauer
Todos sabem que os males se suportam melhor quando se suportam em comum. parece que entre tais males os homens incluem o tédio, e é por so que se reunem a fim de se borrecerem juntos.
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Pretender

Marquês de Maricá.
Pretender melhoramentos materiais antes dos morais e intelectuais é querer que os efeitos precedam as causas
*

TEMPO


Alguém pode lembrar-se de quando os tempos não eram duros e o dinheiro escasso? Ralph W. Emerson.

As pessoas comuns preocupam-se apenas em passar o tempo; quem tem um talento qualquer, em utiliza-lo. Schopenhauer.

Domar o tempo não é mata-lo, é vive-lo; Afonso Arinos Melo Franco.

Foge irreparavelmente o tempo. Virgilio.

Futuro:/ Desassossego no escuro/ Medo.// Presente:/ Revoada de nada,/Simplesmete.//E tu, passado,/ Que fizeste deste/ Coração frustrado? Emilio Moura.

Há tempo para tudo, para ganhar dinheiro, enfeitar a casa, mudar e cara, menos para viver. Maria Goretti Castro

Matamos o tempo, o tempo nos enterra. Machado de Assis.
Não passa o tempo, nós é que mudamos, Imre Madách.

Não procures esconder nada: o tempo vê, escuta e revela tudo. Sófocles.

Não use seu tempo procurando coisas pequenas. Sabedoria indiana.

O tempo corre e tudo atrás dele; não podemos impedir que com cada momento que passa não diminua a vida, amanhecendo nós sempre mais velhos e mais próximo da morte. Mateo Aleman.

O tempo é infiel para quem dele abusa. Pietro Metastásio.

O tempo é o que o homem sempre tenta matar, mas que o acaba matando. Herbert Spencer.

O tempo é um rio formado pelos eventos, uma torrente impetuosa. Mal se avista uma coisa, já foi arrebatada, e outra lhe segue, que será carregada por sua vez. Marco Aurélio.

O tempo, esse devorador das coisas. Ovídio.

O tempo passa, sem que o sinta a gente. Dante Aliguieri.

O tempo perdido não se reencontra nunca. Benjamin Franklin.

Os dias passam rápidos como as águas do rio ou o vento do deserto. Dois há, em particular, que me são indiferentes: o que passou ontem e o que virá amanhã. Omar Khayan.

Perdido está todo o tempo em que amor não se gasta. Torquato Tasso.

Talvez o tempo te ponha na sua escola pois não terás melhor professor que ele. Abu Shaku.

Tríplice é a marcha do tempo: o futuro aproxuma-se hesitante, o agora voa como seta arremessada, o passado fica eternamente imóvel. Confúcio

Um dia é empurrado pelo outro. Horácio.




*

Esta vida

Mario Quintana
Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia.
*

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Chega de Saudade

Autor: Tom Jobim
Vai minha tristeza,
e diz a ela que sem ela não pode ser,
diz-lhe, numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso Mais sofrer.
Chega, de saudade
a realidade, É que sem ela não há paz,
não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca,
dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.
Não quero mais esse negócio de você longe de mim...
*

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

OS FATORES ESSENCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DAS NAÇÕES: UMA BREVE RESENHA DA LITERATURA

Autor: José Nelson Bessa Maia, economista e doutorando em Relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB),
e-mail: nbessa@unb.br.



Introdução ao tema do Desenvolvimento das Nações

O “desenvolvimento” das nações consiste em um processo de enriquecimento dos países e regiões, assim como de sua população, ou seja, na acumulação de ativos individuais, privados ou públicos, e também em expansão da produção de bens e serviços e do rendimento recebido pelos que participam da atividade econômica. A expressão "crescimento econômico", por sua vez, se refere ao incremento mensurável de um fluxo como a produção ou a renda nacional, total ou por habitante, expresso em termos de uma medida do valor agregado (valor da produção bruta menos consumo intermediário) chamada produto interno bruto (PIB).

O estudo contemporâneo das Ciências Sociais sobre o tema do desenvolvimento engloba teorias e abordagens diversas sobre os fatores econômicos, político-institucionais, sociais, culturais e técnico-científicos responsáveis pela modernização industrial, tecnológica e organizacional nas sociedades. Abarca pesquisas relacionadas à evolução das empresas e outras organizações a partir de uma perspectiva histórica e comparada; processos específicos da evolução de mercados e das relações de trabalho; e semelhanças e diferenças culturalmente relacionadas entre países nos padrões de organização produtiva em sociedades atuais. Sobre o tema da natureza e das causas de variações que existem nas experiências de crescimento econômico e de desempenho em nível internacional, as ciências sociais procuram respostas para perguntas como alguns países se desenvolvem e outros não, por que em alguns países o crescimento é socialmente includente e em outros não?

Portanto, é fácil perceber que o tema da determinação dos fatores que levam ao desenvolvimento ou mantêm o atraso nas sociedades nacionais é relevante e desafiante, especialmente no período de transição por que passa o mundo com o avanço das economias emergentes no cenário global e a construção de uma nova ordem internacional policêntrica e multipolar. Em face disso, o objetivo desse trabalho é sintetizar a ampla literatura sobre a análise dos sistemas econômicos, político, sociais e outros, suas inter-relações e dinâmicas no tocante ao multifacetado processo de desenvolvimento das nações, a partir de resenha de ampla literatura pertinente ao assunto.

Além de apresentar sucintamente os principais conceitos e medidas utilizados para dimensionar o desenvolvimento, a resenha buscará dissecar os elementos mais destacados pela literatura acadêmica como responsáveis pelo progresso das nações, com ênfase nos fatores econômicos tradicionais (capital e trabalho), nos político-institucionais (instituições e direitos de propriedade), nos culturais (valores, atitudes e crenças) e nos de ordem tecno-inovadoras (progresso tecnológico e inovação). Para concluir será feita, de forma comparada, uma breve discussão sobre conjuntos de países ou regiões do mundo que perderam a corrida do desenvolvimento, assim como apresentados sucintamente os limites do desenvolvimento sustentado em um mundo cada vez mais pressionado pela exaustão de recursos naturais e restrições ambientais.

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O eldorado é aqui ?

A Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará-SDA vem desenvolvendo o programa de biodiesel do Ceará com o objetivo de propiciar a produção de oleaginosas, com destaque para a mamona e para o girassol, com base na agricultura familiar.

Conforme estudo desenvolvido por Buainain, há sérias dificuldades para transformar o "biodiesel familiar" em realidade, pois a agricultura familiar encontra-se dispersa na região semi-árida, fato que pode ser constatado por meio dos dados do Censo de 1996, no qual os estabelecimentos de agricultura familiar representam 70% minifúndios, os quais possuem uma área média no Nordeste de 3,9hectares (ha), onde não raramente vive mais de uma família e o nível tecnológico é baixo, concentra uma elevada proporção de adultos analfabetos e de pobreza rural.

Segundo Júnior Ruiz Garcia em sua dissertação de mestrado com o titulo: O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel Brasileiro e a Agricultura Familiar na região Nordeste-PNPB, os resultados alcançados apontam para um cenário pessimista quanto à inserção dos agricultores familiares nordestinos no agronegócio do biodiesel, no que se refere à competitividade econômica da cultura da mamona como matéria prima (apesar dos subsídios, o preço de venda pelo produtor mal cobre as despesas de custeio de produção).

De acordo com Júnior, e com a base no rendimento industrial em óleo de 47% para a baga de mamona, 18% para grão de soja, 25% para fruto de dendê, a produtividade agrícola e industrial média seria, respectivamente de 665 kg/ha de baga e 312 litros de óleo/ha para mamona, contra 2.400 kg/ha de grão e 412 litros de óleo/ha para soja e 3.000 kg/ha de fruto e 750 litros de óleo/ha para dendê (palm fruit e palm oil). O autor do trabalho concluiu que o custo de produção de cada litro de biodiesel a partir da soja variou de R$ 0,897 a R$ 1,067, o do dendê variou de R$ 1,262 a R$ 1,444 e o da mamona de R$ 2,138 a R$ 2,348. Ademais, vale registrar que estudos da CEPEA-ESALQ mostram que o custo de produção de biodiesel de algodão varia de R$ 0,71 a R$ 0,96 por litro.

Júnior em sua dissertação verificou ainda que as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste vêm expandindo a oferta de biodiesel para atender à demanda da ANP, diferente do que se observa no Nordeste que não vem conseguindo se aproximar da meta estabelecida de produzir 1.119 mil toneladas de bagas para produção de 525 mil litros de biodiesel de mamona.

Este fato pode ser explicado pelo descompasso entre a capacidade instalada de produção de biodiesel e a produção efetiva de bagas; pois a instalação de grandes plantas industriais dificulta a articulação com a agricultura familiar, pois esta é responsável por uma parte da produção de bagas de forma pulverizada, não apresentando, portanto uma produção em escala, o que configura uma estrutura produtiva em desacordo com a demanda da indústria, "principalmente em termos regionais e no âmbito da agricultura familiar" (Buainain).

De acordo com Júnior Ruiz Garcia, a produção necessária para atender a capacidade autorizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para produção de mamona em baga é de 984 mil toneladas. A produção obtida em torno de 8 mil toneladas de mamona no Ceará, em 2008, representa apenas 0,9% da produção programada em ação de incentivo à produção no Nordeste.

No que diz respeito ao VBP para mamona no Ceará, em 2008, o valor obtido de R$ 6,8 milhões, equivale a apenas a 11,64% da média alcançada da produção no período 1970-74, no montante de R$ 58,3 milhões de reais.

Finalmente, Vale destacar que o incentivo à produção da mamona para transformação em biodiesel é um grave equívoco, dado que o preço do óleo de mamona no mercado internacional registrou um incremento de mais de 228% em termos relativos ao intervalo de 1961-64 para 2000-06, ou seja, conforme as estatísticas da FAO (http://faostat.org/), o preço médio de cada tonelada de óleo de mamona no mercado mundial passou de U$ 266 para U$ 872, nos dois períodos em referência, enquanto que os preços médios de óleos de dendê e de soja saltaram, respectivamente, de U$ 200 para U$ 429 e de U$ 253 para U$ 467.

Os números médios do período 2000-06 mostram que o óleo de mamona no mercado internacional é 128% mais caro do que o óleo de soja e 179% mais do que o óleo de dendê, portanto podemos verificar que é mais interessante exportar 1,00 kg de óleo de mamona e comprar 2,22 kg de óleo de dendê para produção de biodiesel. A soja é sustentável porque o farelo é o seu principal produto e o óleo é apenas um subproduto. Além disso, o óleo de mamona é um lubrificante fino e de valor mais elevado do que o biodiesel. Não é lógico, pelo menos no capitalismo, vender um produto a preços reduzidos se existe um mercado alternativo mais atraente, economicamente.

Deve-se lembrar que o rendimento médio de coco de dendê é de 10.500 kg/ha no Brasil (102.042ha em 2007), concentrado no Pará, rendendo 2.630 litros de óleo/ha/ano. Pode-se verificar pelas estatísticas da FAO, que o rendimento médio de dendê no Brasil é menos da metade dos 20.900 kg/ha de fruto do dendê e 5.225 litros de óleo/ha da Malásia que é o maior produtor mundial de dendê, com uma área plantada de 3,62 milhões de ha, produção de 75,65 milhões de toneladas de coco e 18,91 milhões de toneladas de óleo por ano. A Amazônia, onde chove bastante é sem dúvida, a futura menina dos olhos para as empresas dendezeiras mundiais, atualmente estabelecidas na Malásia e Indonésia. Para a mesma tecnologia de produção aplicada na Indonésia, com uma produtividade de 5.225 litros por hectare, seriam necessários 8,03 milhões de ha para atender à demanda atual de 42 bilhões de litros de diesel no Brasil.

No conceito de beneficio/custo, ou se preferir de valor adicionado da produção, até o presente momento as inversões de capital na citada cultura representa uma política de desagregação de valor de acordo Buainain, ou seja, “Estamos inventando uma nova política: o mundo inteiro busca agregar valor, e nós estamos investindo na desagregação de valor, pois é isto que acontece com a utilização da mamona para biodiesel”.


Demartone Coelho Botelho
Economista e representante da UFC no GCEA/IBGE-CE


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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PRÍNCIPE POETA

Autor: Alexandre Lemos


Ilusões do Amanhã que eu vivo procurando um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?
Procuro em todas, mas todas não são você.
Eu quero apenas viver, se não for para mim que seja pra você.
Mas às vezes você parece me ignorar, sem nem ao menos me olhar,
Me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr.
Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.
Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão,
Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,
Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
Talvez eu seja um tolo,
Que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer,
Eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito,
E crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador...Sou um tolo que acredita, ainda, no amor


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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Meu Olhar

Autor: Fernando Pessoa



O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A FORÇA DOS EMERGENTES NA NOVA ORDEM GLOBAL

(*) José Nelson Bessa Maia*


Desde o fim da Guerra Fria, no início dos anos 90 do século XX, uma série de transformações vem ocorrendo no cenário mundial, alterando de forma rápida a configuração de poder econômico e político entre os estados-nação, com repercussões que se propagam nos âmbitos do comércio à segurança, dos direitos humanos ao meio ambiente, das finanças ao regionalismo, acelerando movimentos transnacionais, inserindo novos atores não-estatais e subestatais, gerando distintas configurações de poder e impondo novos desafios à governança global. Nesse contexto, torna-se obsoleta a noção de uma linha divisória entre os países ricos e desenvolvidos do Norte e os países pobres e em desenvolvimento do Sul, que foi por muito tempo um conceito central entre cientistas sociais, analistas econômicos e formuladores de políticas. Essa linha divisória perdeu o sentido em meio ao dinâmico processo de globalização em curso que resultou em níveis inéditos de crescimento econômico e interdependência entre as nações, cujas disparidades levaram a um mundo muito mais complexo e diferenciado.

Na literatura de relações internacionais, os emergentes se referem a países não-desenvolvidos que estão passando por rápidas mudanças estruturais (industrialização e melhoria no bem-estar) e institucionais e, portanto, em fase de transição para a condição de nações desenvolvidas ou avançadas. Os exemplos de mercados emergentes incluem os grandes países continentais, vários outros do Sudeste asiático, Europa Oriental, e em partes da África e da América Latina. Na verdade, países emergentes são um termo cunhado, em 1981, pelo economista Antoine Van Agtmael, então na Corporação Financeira Internacional (IFC)/Banco Mundial, para denominar países com economias de mercado que mantinham crescimento econômico sustentado, com reformas estruturais e institucionais, o que lhes possibilitaria chegar ao status de nações desenvolvidas.

Nos últimos anos, surgiram novos termos e critérios para descrever os maiores países em desenvolvimento, como a sigla BRIC, criada, em 2001, pelo economista Jim O´Neill do Banco Goldman Sachs, para designar os quatro países: Brasil, Rússia, Índia e China, os quais, conforme projeções demográficas e modelos de acumulação de capital e crescimento de produtividade, poderiam em conjunto se tornar a maior força na economia mundial no ano 2050. Estes países não compartilham agenda comum, mas alguns especialistas acreditam que eles estão desempenhando um papel crescente e promissor na economia e na política em nível mundial. Dada essa importância, um grande número de pesquisas sobre os emergentes está em andamento em diversas universidades e escolas de administração nos EUA e na Europa com vistas a melhor compreender os vários aspectos envolvidos no avanço dos países emergentes.

É difícil definir uma lista dos países emergentes devido à heterogeneidade dos países que estão registrando alto desempenho econômico. Uma das listas mais utilizadas é o índice do Banco Morgan Stanley que inclui como emergentes 28 países, distribuídos pelas seguintes regiões geopolíticas: i) América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru); ii) Europa Oriental (Hungria, Polônia, República Checa e Rússia); iii) Ásia e Pacífico (China, Coréia do Sul, Filipinas, Índia, Indonésia, Irã, Malásia, Paquistão, Tailândia, Taiwan e Vietnã); iv) Oriente Médio e Magrebe (Egito, Israel, Jordânia, Marrocos, Tunísia e Turquia), e África Subsaariana (África do Sul). Desse grupo de 28 países, dez deles (mais a Arábia Saudita) compõem o chamado Grupo dos 20 (G-20), um fórum de cooperação e de consulta sobre assuntos relacionados ao sistema financeiro internacional, que abrange os principais países do mundo no campo da economia, desenvolvidos e emergentes.

Os 28 países da amostra do Banco Morgan Stanley se estendem por 38% do território do Planeta, abrigam 63% da sua população e geram quase 30% da renda mundial. Como reflexo de seu dinamismo recente, esses países em conjunto respondem por mais de 30% das exportações e por mais da metade do estoque total de reservas internacionais, assumindo, portanto, a primazia como fonte provedora de capitais líquidos para o resto do mundo, inclusive os países avançados. Portanto, o mundo de hoje é radicalmente diferente do que era há pelo menos três décadas, quando era dividido em duas grandes regiões com distintos níveis de riqueza e prosperidade. Nesses dois campos tão distintos, as nações desenvolvidas (membros da OCDE), compreendendo principalmente os EUA, Comunidade Européia e Japão respondiam por 75% do PIB mundial, em 1975, mas apenas por 22% da sua população, cerca de 720 milhões de pessoas. O restante do mundo, com 2,6 bilhões de habitantes, fazia parte das nações em desenvolvimento, gerando apenas 25% da riqueza mundial.

Segundo salienta o ex-presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, as economias emergentes – que ele chama "globalizadas" - representam um grupo de 27 países de renda média (incluindo China e Índia), com taxas de crescimento do PIB per capita acima de 3,5% ao ano e uma população total de 3,2 bilhões, ou cerca de 50% da população mundial. Esses países registraram crescimento econômico sustentado sem precedentes, que os capacita a complementar ou mesmo substituir ou os países avançados como forças motrizes da economia mundial. Os países “globalizadas” seriam, pois, um grupo vasto e difuso de países - em tamanho, geografia, cultura e política - que teriam aprendido a se integrar de forma crescente na economia global, e também a influenciá-la, para catalisar o seu próprio desenvolvimento. Para Wolfensohn, as potências tradicionais precisam acomodar a ascensão das economias emergentes - em particular, China e Índia - reformando a ordem internacional vigente. Os países avançados continuariam sendo protagonistas globais, mas à medida que aumenta o poder econômico dos países globalizadores, estes demandariam um papel de maior destaque nos assuntos internacionais.

Nos séculos anteriores, o curso da história mundial foi determinado em grande parte pelo que acontecia em apenas algumas regiões, particularmente na Europa e na América do Norte (ou seja, o chamado «Ocidente»). O demais continentes eram meros figurantes, sofrendo influência dos centros do poder ocidental. Mas hoje, a luta pelo progresso e a prosperidade, bem como as questões da guerra e da paz, estão sendo cada vez mais influenciadas por eventos que ocorrem em diversos lugares e em maior grau do que no passado. A presente era está sendo construída sobre uma economia e uma sociedade verdadeiramente globais, alimentadas pelo acelerado ritmo dos transportes, telecomunicações e tecnologias da informação. A humanidade não é mais dividida simplesmente em ricos ou pobres do "Norte-Sul" ou do "Oriente-Ocidente".

Os EUA e a Europa e demais nações industrializadas terão de chegar a um acordo sobre como passar o centro de gravidade da economia mundial para um mundo policêntrico. As implicações disso são duplas. Por um lado, o Ocidente tem de perceber que para avançar a sua agenda de bens públicos globais, particularmente em termos de combater as mudanças climáticas, a pobreza mundial, o crime e o terrorismo terá de envolver os países emergentes como parceiros iguais. No entanto, ao fazê-lo, deve proporcionar a esses países uma voz nas instituições mundiais que seja proporcional ao seu peso econômico relativo. O Ocidente deve estar preparado para quando esse momento chegar. Os países emergentes, por outro lado, precisarão agir de forma responsável no sistema internacional e para assumir responsabilidades de partes interessadas no sistema de estados-nações e blocos, terão de renunciar a medidas oportunistas que permitem ganhos de curto prazo em troca de perspectivas de ganhos globais no longo prazo.

Se esse dilema for resolvido com sucesso, o mundo poderá caminhar para um século de paz, estabilidade e prosperidade, onde todas as regiões e países tenham possibilidades de êxito, sem que nenhum fique alijado dos frutos do desenvolvimento. Todavia, para que isso seja atingido existem pelo menos três principais desafios a enfrentar: i) garantir um acordo mundial sobre mudanças climáticas, a fim de evitar o risco de sobrevivência da humanidade no futuro; ii) firmar um novo acordo sobre as regras do jogo no comércio e nas finanças, de modo a manter um sistema econômico multilateral aberto e eficiente, o que exigirá mais transparência e regulamentação mais eficaz; e iii) assegurar um reequilíbrio pacífico do poder econômico ao nível global, com a redistribuição do poder político pela recomposição das representações nos principais organismos internacionais a exemplo do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), o G-7, o FMI e o Banco Mundial.

Em suma, pode-se concluir que se torna indispensável uma reforma profunda nas instituições internacionais para que possam refletir mais fielmente e de forma efetiva a nova configuração de compartilhamento de poder entre países avançados e emergentes no seio do sistema internacional. A julgar pela recente reunião dos países do G-20 em Washington (em novembro passado) para discutir medidas concretas de combate à grave crise financeira internacional em curso, esse processo de incorporação dos países emergentes no processo decisório mundial estaria dando seus primeiros passos.

(*) Economista, mestre em Economia, ex-assessor internacional do Governo do Ceará (1995-2006) e doutorando em Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB). E-mail: nbessa@unb.br.




Quadro – Amostra de 28 Países Emergentes Selecionados (*):
peso geoeconômico no Mundo em 2007



Fontes: ONU; OMC; FMI e OCDE. Elaboração: o autor
(a) superfície em 1000 km2
(b) população em 1000 habitantes (2005)
(c) PIB em US$ bilhões correntes e a preços de mercado (2007)
(d) reservas no conceito liquidez internacional em US$ bilhões de 31/12/2007
(e) Exportações FOB em US$ bilhões (2007)
(*) Países emergentes incluídos no índice Morgan Stanley Capital International (MSCI).




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Lídia

Autor: Fernando Pessoa


Lídia, ignoramos. Somos estrangeiros
Onde que quer que estejamos.

Lídia, ignoramos. Somos estrangeiros
Onde quer que moremos, tudo é alheio
Nem fala língua nossa.
Façamos de nós mesmos o retiro
Onde esconder-nos, tímidos do insulto
Do tumulto do mundo.
Que quer o amor mais que não ser dos outros?
Como um segredo dito nos mistérios,
Seja sacro por nosso.



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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Valor da produção de frutas ultrapassa o de grãos

O Ceará deve continuar apostando na agricultura de sequeiro ou investir em lavouras mais rentáveis, como a fruticultura? Pela análise da tendência de evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) de frutas e grãos, no Estado, no período de 1970 a 2008, constata-se uma acentuada redução (70%) no rendimento financeiro das culturas tradicionais, mantendo-se relativamente estável o valor da produção de frutas, que movimentou R$ 726,2 milhões.O valor médio da produção de grãos passou de R$ 1,9 bilhão, no período 1970-74, para R$ 569 milhões, no intervalo 2005-2008 — uma redução de 70%, conforme estudo elaborado pelo economista Demartone Coelho Botelho, representante da Universidade Federal do Ceará (UFC) no Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Conforme o economista, no referido período, o VBP do algodão declinou em 99%, o do amendoim, em 77%.Já o arroz e o feijão registraram perdas de 49% e 25%, respectivamente. Outro declínio acentuado foi o da mamona, com 92%, ao passo em que o milho teve perda de apenas 5%.“Este fato decorreu em função da redução na produção de algodão (-98%) e na queda do preço de no arroz (-60%), no feijão (-47%) e no milho (-54%)”, explica. Enquanto isso, no intervalo de 1970 a 2008, o VBP médio de frutas registrou queda de apenas 8,7%, totalizando R$ 726,2 milhões no ano passado.“Tomando-se a participação do VBP frutas/VBP grãos, constata-se que o VBP de frutas saltou de 47%, entre 1970-1974, para 65%, nos anos de 2000 a 2004, e para 131%, entre 2005 e 2008”, comenta o técnico. Para Demartone Botelho, os números mostram que a fruticultura representa uma alternativa importante para o desenvolvimento da agropecuária do Estado.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste


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