sexta-feira, 30 de maio de 2014

Vida

A cada etapa da vida corresponde uma certa filosofia. A criança apresenta-se como realista, já que está tão convicta da existência de peras e maçãs como da sua. O adolescente, perturbado por paixões interiores, tem que dar muita atenção a si mesmo, tem de se experimentar antes de experimentar as coisas, e transforma-se num idealista. O homem adulto tem todos os motivos para ser um cético, já que é sempre útil pôr em dúvida ao meio que se escolher os objetivos. Tem toda vantagem em manter a flexibilidade do entendimento, antes e no decurso da ação, para não ter de se arrepender depois dos erros da escolha. Quanto ao ancião, converter-se-á necessariamente ao misticismo, porque olha à sua volta e as mais das coisas lhe parecerem depender apenas do acaso. O irracional tremula, o racional fracassa, a felicidade e a infelicidade andam a par sem se perceber porque. É assim e assim foi sempre, dirá ele, e esta última etapa da vida encontra mais a calma na contemplação do que existe, do que existiu e do que virá a existir.



Goethe




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Elegância


A elegância das palavras e nos atos abre todas as portas e conquista de antemão o respeito.Influencia tudo: a prática das virtudes, o desempenho, até o andar, o olhar, o querer. É uma grande vitória cativar o coração dos outros. A elegância não nasce de uma audácia tola nem de um enfadonho divertimento, e sim de um caráter superior enriquecido pelo mérito.





Frei Baltasar Gracian





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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Vida

Não nascemos com mapas, temos de desenhá-los e esse desenho requer esforços. Quanto mais esforços fizermos para apreciar e perceber a realidade, maiores e mais detalhados serão nossos mapas. Mas muitos não querem fazer esse esforço. Seus mapas são pequenos e incompletos, suas visões do mundo são estreitas e ilusórias.






Morgan Scott Peck


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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Vontade

Tudo vence uma vontade obstinada, todos os obstáculos abatem o homem que integrou na sua vida o fim a atingir e que está disposto a todos os sacrifícios para cumprir a missão que a si próprio se impôs. Atento ao mundo exterior, para que não falte nenhuma oportunidade de pôr em prática o pensamento que o anima, não deixa que ele o distraia da tensão interna que lhe há de dar a vitória; tem os dotes do político e os dotes do artista, quer modelar o mundo segundo o esquema que ideou. Não se trata, claro, de um triunfo pessoal; em história da cultura não há triunfos pessoais; ou a vontade é pura e generosa, nitidamente orientada ao bem geral, ou mais cedo, mais tarde, se há de quebrar contra vontades de progresso mais fortes que ela. Que o querer tenha sua origem e seu apoio em coração aberto à nobreza, à beleza e à justiça; de outro modo é apenas gume fino e duro de faca; por isso mesmo frágil, na sua aparente penetração e resistência. Vontade inteligente, e não manhosa, altruísta, e não virada ao sujeito, pedagógica, e não sedenta de domínio; a esta pertencem os séculos por vir: é a voz a que surgem; a outra estabelece os muros que ainda tentam defender o passado.




Agostinho da Silva




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terça-feira, 27 de maio de 2014

Homem

Antes de comentar os defeitos dos outros, enumere ao menos dez dos teus.




Abrahan Lincoln




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Amizade

Regras Essenciais para uma Boa Amizade. Os homens assemelham-se às crianças, que adquirem maus costumes quando mimadas; por isso, não se deve ser muito condescendente e amável com ninguém. Do mesmo modo como, via de regra, não se perderá um amigo por lhe negar um empréstimo, mas muito facilmente por lhe conceder, também não se perderá nenhum amigo por conta de um tratamento orgulhoso e um pouco negligente, mas amiúde em virtude de excessiva amabilidade e solicitude, que fazem com que ele se torne insuportável, o que então produz a ruptura. Mas é sobretudo o pensamento de que precisamos das pessoas que lhes é absolutamente insuportável: petulância e presunção são as consequências inevitáveis.
Em algumas, tal pensamento origina-se em certo grau já pelo facto de nos relacionarmos ou conversarmos frequentemente com elas de uma maneira confidencial; de imediato, pensarão que nós também devemos ter paciência com eles e tentarão ampliar os limites da polidez. Eis porque tão poucos indivíduos se prestam a uma convivência íntima; desse modo, temos de evitar qualquer familiaridade com naturezas de nível inferior.

Contudo, se esse indivíduo imaginar que é mais necessário a nós do que nós a ele, terá como sensação imediata a impressão de que lhe roubamos algo. Tentará então vingar-se e reaver os seus pertences. O único modo de desenvolver a superioridade na convivência com os outros é não precisar deles de maneira alguma e fazê-los perceber isso. Consequentemente, é aconselhável fazer sentir de tempos em tempos a qualquer um, homem ou mulher, que podemos muito bem passar sem ele. Isso fortalece a amizade.

Para a maioria das pessoas, não é prejudicial se, de vez em quando, adicionarmos uma pitada de desdém na nossa atitude para com elas. Atribuirão tanto mais valor à nossa amizade: Chi non estima vien stimato [Quem não estima é estimado], diz um fino ditado italiano. Se, todavia, alguém nos é de facto muito valioso, devemos ocultar-lhe essa conduta como se fosse um crime. Ora, semelhante atitude não é agradável, mas é verdadeira. Os cães quase não suportam uma amizade excessiva; os homens, menos ainda.




Arthur Schopenhauer





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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Bom senso

O bom senso não exige um juízo muito profundo; parece antes consistir em só perceber os objectos na proporção exacta que eles têm com a nossa natureza ou com a nossa condição. O bom senso não consiste então em pensar sobre as coisas com excesso de sagacidade, mas em concebê-las de maneira útil, em tomá-las no bom sentido.
Aquele que vê com um microscópio percebe, certamente, mais qualidade nas coisas; mas não as percebe na sua proporção natural com a natureza do homem, como quem usa apenas os olhos. Imagem dos espíritos subtis, eles às vezes penetram fundo demais; quem olha naturalmente as coisas tem bom senso.
O bom senso forma-se a partir de um gosto natural pela justeza e pelo mediano; é uma qualidade do carácter, mais do que do espírito. Para ter muito bom senso, é preciso ser feito de maneira que a razão predomine sobre o sentimento, a experiência sobre o raciocínio.




Luc de Clapiers Vauvenargues




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domingo, 25 de maio de 2014

Homem




Plutarco diz nalgum lugar que não observa entre um animal e outro distância tão grande como encontra entre um homem e outro. Está a falar do valor da alma e das faculdades interiores. Na verdade, observo tanta distância de Epaminondas, como o imagino, até alguém que conheço, quero dizer capaz de senso comum, que de bom grado eu iria além de Plutarco e diria que há mais distância entre tal e tal homem do que há entre tal homem e tal animal: Ah! Entre um homem e outro homem, quanta distância! (Terêncio), e que há tantos graus de espíritos quantas braças há daqui ao céu, e igualmente inumeráveis.
Mas, a propósito da avaliação dos homens, é espantoso que, exceto nós, todas as coisas sejam avaliadas tão-somente pelas suas próprias qualidades. Elogiamos um cavalo porque é vigoroso e ágil, e não pelos arreios; um galgo pela sua velocidade, não pela coleira; um pássaro pela envergadura e não pelas suas correias e sinetas. Por que da mesma forma não avaliamos um homem pelo que é propriamente seu? Ele tem um alto nível de vida, um belo palácio, tanto de crédito, tanto de renda: tudo isto está ao redor dele e não nele. Não comprais nabos em saco. Se negociais um cavalo, vós lhe retirais o arreamento, o olhais nu e a descoberto; ou, se tiver coberto, como outrora eram apresentados aos príncipes para venda, é nas partes menos necessárias, para não vos distrairdes com a beleza do seu pêlo ou a largura das suas ancas e vos deterdes principalmente em examinar as pernas, os olhos e a pata, que são os membros mais úteis. Por que, ao avaliar um homem, o avaliais totalmente recoberto e empacotado? Ele exibe-nos apenas as partes que não são suas, e oculta-nos as únicas pelas quais podemos realmente julgar sobre a sua valia.



Michel de Montaigne





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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Maturidade


Maturidade – ela brilha no exterior do homem, ainda mais em seus hábitos. O peso material valoriza o ouro, e o peso moral, valoriza uma pessoa. Trata-se do refinamento das qualidades, que causa veneração. A compostura é a fachada da alma. Não constitui a insensibilidade e a tranqüilidade dos tolos, conforme acreditam os fúteis, mas um confiante senso de autoridade. A maturidade se mostra por palavras sábias e por atitudes ponderadas. Considera-se um homem feito quando ele tem tanto de humanidade quanto de maturidade. À medida que se deixa de ser criança, passa-se a ser sério e criterioso.




Frei Baltasar Gracian





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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Refletir

Os tolos erram porque não pensam, não refletem sobre a maior parte das coisas e por não perceberem vantagens nem desvantagens, não empregam bem seus esforços. Alguns ponderam às avessas, prestando muita atenção ao que importa pouco. Muita gente não perde a cabeça porque não tem cabeça a perder..] Há certa coisas que devem ser consideradas com todo o cuidado e muito bem enraizados na mente. Os sábios consideram tudo, mergulham nos temas mais profundos ou duvidosos, às vezes cogitando que pode haver mais do que se lhe ocorre. Fazem a reflexão e avançam além da percepção Não se dedicar a assuntos sem importância, muito menos os imaginários. A pessoa sensata deve evitar fanatismos e excentricidades, pois, embora possa levar à fama, recebem mais risos do que respeito. Mesmo em buscar a sabedoria, os cautelosos devem evitar a afetação e a atenção pública, não questionar com o que pode parecer ridículo.



Frei Baltasar Gracian




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Vulgaridade






Não seja vulgar em nada, principalmente no gosto. O grande sábio é aquele que não gosta das coisas que agradam a muitos. O aplauso popular com profusão não satisfaz os discretos. Alguns são como camaleões da popularidade, pois seu prazer não está nas suavíssimas brisas, mas na respiração das multidões. Não seja vulgar no entretimento, nem aprecie os milagres da plebe, porque o ignorantes ficam impressionados com qualquer coisa. A multidão admira a tolice comum e rejeita o sábio conselho.




Frei Baltasar Gracian





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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Vida






Uma pessoa envelhece lentamente: primeiro envelhece o seu gosto pela vida e pelas pessoas, sabes, pouco a pouco torna-se tudo tão real, conhece o significado das coisas, tudo se repete tão terrível e fastidiosamente. Isso também é velhice. Quando já sabe que um corpo não é mais que um corpo. E um homem, coitado, não é mais que um homem, um ser mortal, faça o que fizer... Depois envelhece o seu corpo; nem tudo ao mesmo tempo, não, primeiro envelhecem os olhos, ou as pernas, o estômago, ou o coração. Uma pessoa envelhece assim, por partes. A seguir, de repente, começa a envelhecer a alma: porque por mais enfraquecido e decrépito que seja o corpo, a alma ainda está repleta de desejos e de recordações, busca e deleita-se, deseja o prazer. E quando acaba esse desejo de prazer, nada mais resta que as recordações, ou a vaidade; e então é que se envelhece de verdade, fatal e definitivamente. Um dia acordas e esfregas os olhos: já não sabes porque acordaste. O que o dia te traz, conheces tu com exatidão: a Primavera ou o Inverno, os cenários habituais, o tempo, a ordem da vida. Não pode acontecer nada de inesperado: não te surpreende nem o imprevisto, nem o invulgar ou o horrível, porque conheces todas as probabilidades, tens tudo calculado, já não esperas nada, nem o bem, nem o mal... e isso é precisamente a velhice.




Sándor Márai




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Pensar


Nada é tão perigoso para aprisionar a inteligência do que aceitar passivamente as informações.




Augusto Cury




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terça-feira, 20 de maio de 2014

Sensato

O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.




Aristóteles





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Sorte


A sorte tem suas regras, e para os sábios nem tudo depende do acaso, A sorte conta com a ajuda do esforço. Alguns se contentam em colocarem-se confiantes à porta da sorte, esperando que ela haja. Outras,são mais sensatas e a ultrapassam com uma audácia cautelosa. Amparada pela coragem e pela virtude, a audácia espiona a sorte e a adula com vistas à eficiência. Porem o verdadeiro pensador tem um único plano: virtude e prudência, pois a sorte e o azar se acham na prudência ou na precipitação.





Baltasar Gracian




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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Talento


Deixa-me dizer-te francamente o juízo que eu formo do homem transcendente em gênio, em estro, em fogo, em originalidade, finalmente em tudo isso que se inveja, que se ama, e que se detesta, muitas vezes. O homem de talento é sempre um mau homem. Alguns conheço eu que o mundo proclama virtuosos e sábios. Deixá-los proclamar. O talento não é sabedoria. Sabedoria é o trabalho incessante do espírito sobra a ciência. O talento é a vibração convulsiva de espírito, a originalidade inventiva e rebelde à autoridade, a viagem extática pelas regiões incógnitas da ideia. Agostinho, Fénelon, Madame de Staël e Bentham são sabedorias. Lutero, Ninon de Lenclos, Voltaire e Byron são talentos.
Compara as vicissitudes dessas duas mulheres e os serviços prestados à humanidade por esses homens, e terás encontrado o antagonismo social em que lutam o talento com a sabedoria. Porque é mau o homem de talento ? Essa bela flor porque tem no seio um espinho envenenado ? Essa esplêndida taça de brilhantes e ouro porque é que contém o fel, que abrasa os lábios de quem a toca ? Aqui tens um tema para trabalhos superiores à cabeça de uma mulher, ainda mesmo reforçada por duas dúzias de cabeças acadêmicas ! Lembra-me ouvir dizer a um doido que sofria por ter talento. Pedi-lhe as circunstâncias do seu martírio sublime, e respondeu-me o seguinte com a mais profunda convicção, e a mais tocante solenidade filosófica : os talentos são raros, e os estúpidos são muitos. Os estúpidos guerreiam barbaramente o talento : são os vândalos do mundo espiritual. O talento não tem partido nesta peleja desigual. Foge, dispara na retirada um tiroteio de sarcasmos pungentes, e, por fim, isola-se, segrega-se do contato do mundo, e curte em silêncio aquele fel de vingança, que, mais cedo ou mais tarde, cospe na cara de algum inimigo, que encontra desviado do corpo do exército. Aí tem a razão por que o homem de talento é perigoso na sociedade. O ódio inspira-lhe a eloquência da traição.





Camilo Castelo Branco




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sábado, 17 de maio de 2014

Vida


Jamais nos atemos ao tempo presente. Antecipamos o futuro que nos parece demasiado lento a chegar, como se quiséssemos apressar a sua vinda, ou recordamos o passado como se quiséssemos retê-lo, para se afastar com excessiva rapidez. Tão imprudentes que navegamos através de outros tempos que não são os nossos, e não pensamos no único que nos pertence, e tão fúteis que pensamos naqueles que já não são nossos e escapamos sem refletir ao único que subsiste. É que o presente, de ordinário, nos ofende. Ocultamo-lo às nossas vistas porque nos aflige e, se por ventura nos é agradável, vemo-lo fugir com tristeza.. Procuramos segura-lo por meio do futuro e pensamos em dispor de coisas que não dependem de nós para um tempo a que não temos nenhuma certeza de chegar. Que cada um examine seus pensamentos: irá encontrá-los completamente ocupados com o passado e o futuro. Quase não pensam no futuro. E quando o fazem é apenas para planejar o futuro à sua luz. O presente nunca é o nosso fim. Passado e presente são nossos meios, e só o futuro é nosso fim. De forma que nunca vivemos, mas esperamos viver,e, preparando-se constantemente para ser felizes, é inevitável que não o sejamos jamais.




Frei Baltasar Gracian



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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Avançar


Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças.

Sun Tzu




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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Sucesso


Muita gente confunde sucesso com amealhar dinheiro. Embora o sucesso acabe por levar à riqueza, é muito mais que isso. É uma atitude mental e espiritual - um estado de consciência - de que o dinheiro é um sub-produto acidental. Sucesso é um modo de viver. Estamos neste mundo para ter sucesso como seres humanos. Uma pessoa bem sucedida tem paz de espírito, está satisfeita com os talentos que Deus lhe deu, e sente-se feliz em usá-los e aplicá-los para seu benefício. A procura de uma vida melhor, e a realização de um objetivo digno, é a mais satisfatória das atividades humanas.
Uma vida bem sucedida não é fácil. É construída sobre qualidades fortes - sacrifício, diligência, lealdade e integridade. A corrida nem sempre é ganha pelo mais rápido nem a batalha pelo mais forte; a vitória vai muitas vezes para o mais temerário e o mais persistente. O maior obstáculo no caminho do sucesso não é a falta de inteligência, de caráter ou de força de vontade. É a incapacidade para levar o trabalho até ao fim.




Alfred Montapert




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Fazer

Nenhum sistema ou escola pode fazer pelo ser humano o trabalho que ele tem de fazer por si mesmo.

G.I.Gurdjieff




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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Dúvida


A dúvida é um estado de insatisfação e inquietude do qual lutamos para nos desvencilhar e passar para um estado de crença, ao passo que este é um estado calmo e satisfatório que não desejamos evitar ou transformar numa crença em outra coisa. Pelo contrário, nós agarramo-nos tenazmente não só ao acreditar, mas a acreditar precisamente naquilo em que acreditamos. Tanto a dúvida como a crença têm efeitos positivos sobre nós, ainda que bem distintos. A crença não nos faz agir prontamente, mas predispõe-nos a agir de uma certa maneira quando surge a ocasião. A dúvida é desprovida desse efeito ativo, mas estimula-nos a investigar até que ela própria seja aniquilada. (...) A irritação da dúvida provoca uma luta para alcançar um estado de crença.




Charles Peirce




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terça-feira, 13 de maio de 2014

Trabalho

O trabalho poupa-nos de três grandes males; tédio, vício e necessidade.




Voltaire




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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Pensar

Tenha cuidado com o que você pensa, pois sua vida é dirigida por seus pensamentos.



Provérbios 4,23



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domingo, 11 de maio de 2014

Talento


O talento é o que menos se perdoa. O mundo pouco se importa com a vileza da alma e a deslealdade do coração. Aceita os perversos e os covardes. A própria riqueza desperta pouca inveja, porque é sempre considerada imerecida. Até a glória de um homem não ofende ninguém. Mas se há um talento, deve eliminar-se com ódio e violência.




Anatole France



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sábado, 10 de maio de 2014

Vida


Uma vida exterior simples e modesta só pode fazer bem, tanto ao corpo como ao espírito. Não creio de modo algum na liberdade do ser humano, no sentido filosófico. Cada um age não só sob pressão exterior como também de acordo com a sua necessidade interior. O pensamento de Schopenhauer: «O homem pode, na verdade, fazer o que quiser, mas não pode querer o que quer», impressionou-me vivamente desde a juventude e tem sido para mim um consolo constante e uma fonte inesgotável de tolerância. Esse conhecimento suaviza beneficamente o sentimento de responsabilidade levemente inibitório e faz com que não tomemos demasiado a sério, para nós e para os outros, uma concepção de vida que justifica de modo especial a existência do humor.
Do ponto de vista objetivo, pareceu-me sempre desprovido de senso querer-se indagar sobre o sentido ou a finalidade da própria existência ou da existência da criação. E, no entanto, cada homem tem certos ideais, que o orientam nos seus esforços e juízos. Neste sentido o bem-estar e a felicidade nunca me pareceram um fim em si (chamo a esta base ética o ideal da vara de porcos). Os ideais que me iluminavam e me encheram incessantemente de alegre coragem de viver foram sempre a bondade, a beleza e a verdade. Sem o sentimento de harmonia com aqueles que têm as mesmas convicções, sem a indagação daquilo que é objetivo e eternamente inatingível no campo da arte e da investigação científica, a vida ter-me-ia parecido vazia. Os fins banais do esforço humano: propriedade, êxito exterior e luxo pareceram-me desprezíveis desde jovem.



Albert Einstein



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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Maturidade

A maturidade me permite olhar com menos ilusão, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura.



Lia Luft




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Indiferença

O oposto do amor não é o ódio, é a indiferença. O oposto de arte não é a feiúra, é a indiferença. O oposto da fé não é a heresia, é a indiferença. E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença.


  Elie Wiesel


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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Sonhar


Você nunca é velho demais para definir outro objetivo ou para sonhar um novo sonho.


C. S. Lewis


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Tolos


Não nos deve surpreender que, a maior parte das vezes, os imbecis triunfem mais no mundo do que os grandes talentos. Enquanto estes têm por vezes de lutar contra si próprios e, como se isso não bastasse, contra todos os medíocres que detestam toda e qualquer forma de superioridade, o imbecil, onde quer que vá, encontra-se entre os seus pares, entre companheiros e irmãos e é, por espírito de corpo instintivo, ajudado e protegido. O estúpido só profere pensamentos vulgares de forma comum, pelo que é imediatamente entendido e aprovado por todos, ao passo que o gênio tem o vício terrível de se contrapor às opiniões dominantes e querer subverter, juntamente com o pensamento, a vida da maioria dos outros.
Isto explica por que as obras escritas e realizadas pelos imbecis são tão abundante e solicitamente louvadas - os juízes são, quase na totalidade, do mesmo nível e dos mesmos gostos, pelo que aprovam com entusiasmo as ideias e paixões medíocres, expressas por alguém um pouco menos medíocre do que eles.
Este favor quase universal que acolhe os frutos da imbecilidade instruída e temerária aumenta a sua já copiosa felicidade. A obra do grande, ao invés, só pode ser entendida e admirada pelos seus pares, que são, em todas as gerações, muito poucos, e apenas com o tempo esses poucos conseguem impô-la à apreciação idiota e ovina da maioria. A maior vitória dos néscios consiste em obrigar, com certa frequência, os sábios a atuar e falar deles, quer para levar uma vida mais calma, quer para a salvar nos dias da epidemia aguda da loucura universal.



Giovanni Papini





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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Caráter


Todos nós hoje nos desabituamos, ou antes nos desembaraçamos alegremente, do penoso trabalho de verificar. É com impressões fluídas que formamos as nossas maciças conclusões. Para julgar em Política o fato mais complexo, largamente nos contentamos com um boato, mal escutado a uma esquina, numa manhã de vento. Para apreciar em Literatura o livro mais profundo, atulhado de ideias novas, que o amor de extensos anos fortemente encadeou—apenas nos basta folhear aqui e além uma página, através do fumo escurecedor do charuto. Principalmente para condenar, a nossa ligeireza é fulminante. Com que soberana facilidade declaramos—«Este é uma besta! Aquele é um maroto!» Para proclamar—«É um gênio!» ou «É um santo!» oferecemos uma resistência mais considerada. Mas ainda assim, quando uma boa digestão ou a macia luz dum céu de Maio nos inclinam à benevolência, também concedemos bizarramente, e só com lançar um olhar distraído sobre o eleito, a coroa ou a auréola, e aí empurramos para a popularidade um pouco escrupuloso enfeitado de louros ou nimbado de raios. Assim passamos o nosso bendito dia a estampar rótulos definitivos no dorso dos homens e das coisas. Não há ação individual ou coletiva, personalidade ou obra humana, sobre que não estejamos prontos a promulgar rotundamente uma opinião bojuda E a opinião tem sempre, e apenas, por base aquele pequenino lado do fato, do homem, da obra, que perpassou num relance ante os nossos olhos escorregadios e fortuitos. Por um gesto julgamos um caráter: por um caráter avaliamos um povo.





Eça de Queirós



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Verdade


Quem compete com os outros não está, na verdade, competindo com eles, mas recebendo uma oportunidade de competir consigo mesmo.



Lao Tse




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terça-feira, 6 de maio de 2014

Alcançar


Um homem criativo é motivado pelo desejo de alcançar, não pelo desejo de vencer os outros.


Ayn Rand



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Entender

A cada dia sabemos mais e entendemos menos.


Albert Einstein


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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Pensar


Desde Montaigne e ainda hoje, entretemo-nos de bom grado com um desígnio que nada tem de caridoso, a meu ver, em comparar os animais com o homem. Querem reduzir a quase nenhuma a distância que separa as suas faculdades; de fato, elas tocam-se, exceto num ponto, que está bem próximo de ser tudo: é que um faz por princípios o que os outros fazem por necessidade e natureza, ou seja, um pensa e os outros parecem pensar.



Jules Lagneau



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domingo, 4 de maio de 2014

Juntos

Chegando juntos é um começo; manter juntos é um progresso; trabalhar juntos é sucesso.

Henry Ford


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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Saber


Há, verdadeiramente, duas coisas diferentes: saber e crê que sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe reside a ignorância.




Hipócrates




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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sorriso


O ser humano que não sabe sorrir não é feliz, pois o sorriso é a manifestação de felicidade e amor. Um sorriso não custa nada e cria muito. Dura um só momento, mas sua lembrança perdura por toda a vida.Não se pode comprá-lo, mendigar-lhe, pedi-lo emprestado ou roubá-lo. E não tem utilidade enquanto não é dado. Por isso, se no teu caminho encontrar alguém por demais cansado para dar um sorriso, deixa-lhe o teu, com otimismo, pois ninguém precisa tanto de um sorriso quanto aquele que não tem mais sorrisos para oferecer.



Texto antigo chinês



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