segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Amigo


Um verdadeiro amigo é o maior de todos os bens e igualmente, de todos, aquele que menos nos preocupamos em adquirir.

François, Duque de La Rochefoucauld


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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Direção

A felicidade consiste em dar passos na direção de si próprio e ver o que se é.



José Saramago



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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Felicidade


Já reconhecemos em geral que aquilo que somos contribui muito mais para a felicidade do que aquilo que temos ou representamos. Importa saber o que alguém é e, por conseguinte, o que tem em si mesmo, pois a sua individualidade acompanha-o sempre e por toda a parte, e tinge cada uma das suas vivências. Em todas as coisas e ocasiões, o indivíduo frui, em primeiro lugar, apenas a si mesmo. Isso já vale para os deleites físicos e muito mais para os intelectuais. Por isso, a expressão inglesa to enjoy one's self é bastante acertada; com ela, dizemos, por exemplo, he enjoys himself at Paris, portanto, não «ele frui Paris», mas «ele frui a si em Paris». Entretanto, se a individualidade é de má qualidade, então todos os deleites são como vinhos deliciosos numa boca impregnada de fel.
Assim, tanto no bem quanto no mal, tirante os casos graves de infelicidade, importa menos saber o que ocorre e sucede a alguém na vida, do que a maneira como ele o sente, portanto, o tipo e o grau da sua susceptibilidade sob todos os aspectos. O que alguém é e tem em si mesmo, ou seja, a personalidade e o seu valor, é o único contributo imediato para a sua felicidade e para o seu bem-estar. Tudo o resto é mediato.
Por conseguinte, o seu efeito pode ser dirimido, mas o da personalidade, nunca. Por isso, a inveja mais irreconciliável, e que, ao mesmo tempo, é dissimulada do modo mais cuidadoso possível, é aquela dirigida contra os méritos pessoais. Ademais, só a qualidade da consciência é permanente e constante, e a individualidade faz efeito de forma contínua e duradoura, mais ou menos a cada instante. Tudo o resto, pelo contrário, faz efeito apenas de modo temporário, ocasional e passageiro, além de ser submetido a mudanças e vaiações. Por isso, Aristóteles diz: A natureza é perene, não o dinheiro. Nisso se baseia o facto de suportarmos com mais resignação uma infelicidade que nos chega inteiramente do exterior do que uma cuja culpa caiba a nós mesmos. Pois a sorte pode mudar, mas a própria índole, nunca. Portanto, os bens subjectivos, tais como um carácter nobre, uma mente capaz, um temperamento feliz, um ânimo jovial e um corpo bem constituído e completamente saudável - logo, de modo geral, a mente sadia em corpo sadio (Juvenal) - são o que há de primário e mais importante para a nossa felicidade; por isso, deveríamos estar muito mais aplicados na sua promoção e conservação do que na posse de bens e honra exteriores.


Arthur Schopenhauer



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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Homem


Imaginemos que toda a gente tenha a mesma política, religião, etc. Nem por isso se viveria em paz. Por que logo se descobririam diferenças naquilo que a todos unia. E paralelamente surgiriam as discordâncias, invejas e ódios. A ideologia é apenas um pretexto. O que nos divide é a individualidade que não tem misturas ou só as tem com quem prolongar a pessoa que somos.




Vergílio Ferreira




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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Homem


Cada boa qualidade humana está relacionada com uma má, na qual ameaça transformar-se; e cada má qualidade está, de uma forma semelhante, relacionada com uma boa. O motivo por que tantas vezes não compreendemos as pessoas é que, quando as conhecemos, confundimos as suas más qualidades com as boas com elas relacionadas, ou vice-versa: assim, um homem prudente pode parecer-nos cobarde, um homem poupado, avarento; ou um perdulário, liberal, uma pessoa grosseira franca e directa, um sujeito imprudente cheio de nobre autoconfiança, e assim por diante.

Arthur Schopenhauer



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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Moral

Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa – citam-se ao par a Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o museu humano da beleza da arte.

Eça de Queirós


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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Verdade


Uma palavra sincera nunca foi completamente perdida. Uma magnanimidade jamais caiu ao chão, pois sempre existe presente um coração para acolhê-la e aceitá-la inesperadamente. Um homem é invadido por tudo que é digno. O que um homem for estará registrado em seu rosto, em seu porte, em sua fortuna.

Ralph Waldo Emerson



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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ser

A actividade de comprar conclui em decidir-se por um objecto; mas é também antes uma eleição, e a eleição começa por perceber as possibilidades que oferece o mercado. De onde resulta que a vida, no seu modo «comprar», consiste primeiramente em viver as possibilidades de compra como tais. Quando se fala de nossa vida sói esquecer-se disto, que me parece essencialíssimo: a nossa vida é em todo o instante e antes que nada consciência do que nos é possível. Se em cada momento não tivéssemos à nossa frente mais que uma só possibilidade, careceria de sentido chamá-la assim. Seria apenas pura necessidade. Mas ai está: esse estranhíssimo facto da nossa vida possui a condição radical de que sempre encontra ante si várias saídas, que por serem várias adquirem o carácter de possibilidades entre as quais havemos de decidir. Tanto vale dizer que vivemos como dizer que nos encontramos num ambiente de determinadas possibilidades. A este âmbito costuma chamar-se «as circunstâncias».

Toda a vida é achar-se dentro da «circunstância» ou mundo. Porque este é o sentido originário da idéia (mundo). Mundo é o repertório das nossas possibilidades vitais. Não é, pois, algo à parte e alheio à nossa vida, mas que é a sua autêntica periferia. Representa o que podemos ser; portanto, a nossa potencialidade vital. Esta tem de se concretizar para se realizar, ou, dito de outra maneira, chegamos a ser só uma parte mínima do que poderíamos ser. Daí que nos parece o mundo uma coisa tão enorme, e nós, dentro dele, uma coisa tão pequena. O mundo ou a nossa vida possível é sempre mais que o nosso destino ou vida efectiva.

Ortega y Gasset




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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Família


Quer fazer algo para promover a paz mundial? Vá para casa e AME a sua família.



Madre Teresa de Calcutá


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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Lar

Uma atmosfera de amor em sua casa é muito importante. Faça tudo que puder para criar um lar tranquilo e com harmonia.


Dalai Lama



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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Pensar

Os nossos pensamentos determinam aquilo que somos. A nossa atitude mental é o factor X que determina o nosso destino. Emerson disse: «Um homem é aquilo em que pensa o dia inteiro». Como poderia ser outra coisa qualquer? Estou convencido, sem qualquer sombra de dúvida, que o maior problema que temos de enfrentar - na realidade, trata-se praticamente do único problema que temos de enfrentar - é a escolha dos pensamentos certos. Se conseguirmos, estaremos no caminho certo para resolver todos os nossos problemas. Marco Aurélio, o grande filósofo que governou o Império Romano, resumiu esta questão em onze palavras — onze palavras que podem determinar o seu destino: «A nossa vida é aquilo que os nossos pensamentos fazem dela».

É verdade, se pensarmos em coisas felizes, seremos felizes. Se pensarmos em desgraças, seremos uns desgraçados. Se pensarmos em coisas assustadoras, viveremos com medo. Se pensarmos em doenças, ficaremos provavelmente doentes. Se pensarmos em falhar, é certo que falhamos. Se ficarmos mergulhados em autocomiseração, vão todos afastar-se de nós e evitar-nos. Norman Vincent Peale afirmou: «Tu não és o que pensas que és; tu és o que tu pensas».

Estarei eu a defender uma típica atitude de Pollyanna (clássico de Eleane H. Porter, que retrata uma personagem excessivamente optimista) em relação aos nossos problemas? Não, infelizmente, a vida não é assim tio simples. Mas defendo que devemos assumir uma atitude positiva em vez de uma atitude negativa. Por outras palavras, temos de dar importância aos nossos problemas, mas não preocupar-nos como eles. Qual é a diferença entre dar importância e preocupar-se? Eu dou um exemplo: sempre que atravesso as ruas congestionadas de Nova Iorque, dou importância àquilo que estou a fazer, mas não me preocupo. Dar importância significa ter consciência dos problemas e tomar calmamente as medidas necessárias. Preocupar-se significa andar inutilmente às voltas até dar em louco.

Uma pessoa pode dar importância aos seus problemas sérios e, ainda assim, caminhar de cabeça erguida e com um cravo na lapela.

Dale Carnegie



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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Amizade

Três tipos de amizade são vantajosos e três tipos de amizade são nocivos. A amizade com um homem que fala sem rodeios, a amizade com um homem sincero, a amizade com um homem de grande saber, esses três tipos de amizade são úteis. A amizade com um homem acostumado a enganar por uma falsa aparência de honestidade, a amizade com um homem hábil para adular, a amizade com um homem que fala bonito, esses três tipos de amizade são nocivos.

Confúcio



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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Governar

Só é capaz de governar aquele que repudia a intransigência e se incomoda com imoralidade e as injustiças.

Lao Tse



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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Fazer


Comece com o que você sabe. Amadureça conforme a natureza. Deixe o destino fazer o resto.


Chuang Tse



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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Ler


Se grandes invenções ou descobertas, como o fogo, a roda ou a alavanca, se fizeram antes que o homem fosse, historicamente, capaz de escrever, também se põe como fora de dúvida que mais rapidamente se avançou quando foi possível fixar inteligência em escrita, quando o saber se pôde transmitir com maior fidelidade do que oralmente, quando biblioteca, em qualquer forma, foi testamento do passado e base de arranque para o futuro. A livro se veio juntar arquivo, para o que mais ligeiro se afigurava; e fora de bibliotecas ou arquivos ficaram os milhões de páginas de discorrer ou emoção humana que mais ligeiras pareceram ainda, ou menos duradouras. Escrevendo ou lendo nos unimos para além do tempo e do espaço, e os limitados braços se põem a abraçar o mundo; a riqueza de outros nos enriquece a nós. Leia.
Milhões de homens, porém, no mundo actual estão incapacitados de escrever e de ler, muito menos porque faltam métodos e meios do que incitamento que os levante acima do seu tão difícil quotidiano e vontade de quem mais pode de que seus reais irmãos mais dependam de si próprios do que de exteriores e quase sempre enganadoras salvações. Mais se comunica falando do que de qualquer outra forma; o que nos dizem muitas vezes nos parece de nenhuma importância, mas talvez tenha havido uma falha na atitude de escutar do que no conteúdo do que se disse; porventura a palavra-chave estava aí, mas estávamos distraídos, ou ansiosos por nós próprios falarmos; e no vento fugiu, a outros ouvidos ou a nenhuns. Ouça.
No tempo em que a antropologia ainda julgava que o homem descendia do macaco notou-se, para os distinguir, que um, mesmo no estádio mais primitivo, desenhava; o outro, mesmo que antropóide superior, nem olhava o desenho. Imagem nos veio acompanhando pela História fora, desde as pinturas ou gravuras rupestres, cujo verdadeiro significado ainda está por encontrar, até cinema ou televisão, sobre cujo significado igualmente muitas vezes nos podemos interrogar e que se tem de arrancar o mais depressa possível ao domínio do lucro, da publicidade ou das propagandas ideológicas para que possam cumprir, como nas formas mais antigas, a sua missão de iluminar, inspirar e consagrar o mundo. Imagem o cerca. Veja.
Mas o que vê e ouve ou lê nada mais lhe traz senão matéria-prima de pensamento, já livre de muita impureza de minério bruto, porquanto antes do seu outros pensamentos o pensaram; mas, por o pensarem, alguma outra impureza lhe terão juntado. Nunca se precipite, pois, a aderir; não se deixe levar por nenhum sentimento, excepto o do amor de entender, de ver o mais possível claro dentro e fora de si; critique tudo o que receba e não deixe que nada se deposite no seu espírito senão pela peneira da crítica, pelo critério da coerência, pela concordância dos factos; acredite fundamentalmente na dúvida construtiva e daí parta para certezas que nunca deixe de ver como provisórias, excepto uma, a de que é capaz de compreender tudo o que for compreensível; ao resto porá de lado até que o seja, até que possa pôr nos pratos da sua balancinha de razão. A tudo pese. Pense.

Agostinho da Silva




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