quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tempo

Há um tempo em que a razão não trabalha ainda, em que se vive pelo instinto, à maneira dos animais. Esse tempo não deixa na memória nenhum vestígio. Há, depois, um tempo em que a razão se desenvolve, e se forma, e em que poderia agir se não fosse obscurecida e como extinta pelos vícios do nosso feitio e por um encadeamento de paixões que se sucedem umas às outras e conduzem à terceira e última idade do homem. A razão, que está em plena força, deveis produzir tudo o que dela se espera. Mas é quando ela começa a arrefecer e a afrouxar pelos anos, pela doença e pela dor, desconcertada finalmente pela desordem da máquina, que chega ao seu declínio. E é destes tempos, assim mesmo que é feita a vida do homem.


Jean de La Bruyére


*

Nenhum comentário:

Postar um comentário