sexta-feira, 18 de março de 2011

Natureza

Sabemos que as exigências de nossa natureza corpórea são realmente poucas, não mais que o necessário para suprimir a dor e nos proporcionar numerosas delícias. A própria natureza não exige nada mais recompensador do que isso e não reclama se não tem na casa imagens douradas de jovens empunhando na mão direita tochas ardentes para iluminar os banquetes que se prolongam noite a dentro. Que importa se a casa não refulge com a prata ou não rebrilha com o ouro e se não ressoam as cítaras pelos salões adornados com relevos reluzentes? A natureza não na se ressente da falta de tais luxos, quando as criaturas podem reclinar-se junto aos seus, sobre a relva macia, à beira de um córrego, à sombra de uma árvore frondosa e refrescar os corpos sem que tudo isso nada lhes custe. Sobretudo, se o tempo lhes sorri e a estação do ano cobre de flores a grama verdejante.


Lucrécio


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