quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Imperativo

O imperativo número um da pessoa ambiciosa em qualquer área de atividade é acreditar em si própria. Fingir não basta. A hipocrisia social pode dar conta do recado quando se trata de satisfazer o padrão de comportamento identificado por La Rochefoucauld ao afirmar que “para alcançar o sucesso no mundo, faremos tudo o que podemos para parecer bem sucedidos”. Até aí o engano é simples: a prática do auto-elogio e da ostentação, mais ou menos sutil, dos próprios méritos é que os gregos chamavam de “tocar a própria flauta” e que nós, no Brasil, poderíamos chamar de “bater no próprio tambor. O poseur sofisticado sabe que não pode exagerar na dose e chega ao requinte de simular certa inibição ao se exibir.. Mas convencer-se a si mesmo – no início e ao longo da jornada – de que vale a pena apostar alto numa determinada estratégia de ascensão e liderança na vida prática é outra história. Para embalar o ouvido interno e empolgar a platéia interior, a música precisa vir de dentro. Ela precisa seduzir e nos convencer sinceramente de que sabemos o que queremos, merecermos o que pleiteamos e estamos justificados, aos nossos próprios olhos, em nutrir tais pretensões. Poucos homens, ao que parece, sofrem de inapetência ou falta de boas razões quando se trata de uma real perspectiva de poder. Mas se o querer é, por qualquer motivo, inconvicto e ilegítimo para nós mesmos o balão não enche.A ambição não cola e não decola.


Eduardo Giannnetti


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