sábado, 29 de outubro de 2011

Sete Bilhões de Terráqueos

José Lemos*

Nesta segunda-feira, 31 de outubro, as Nações Unidas estimam que seremos sete (7) bilhões habitando este belo planeta. Pela teoria das probabilidades a criança, que nos dará a impressionante marca, tem grandes chances de nascer na China, Índia ou Indonésia.
Um número histórico. O crescimento da população do mundo vem desacelerando, mas nos países pobres ainda se observa um incremento expressivo, devido à desinformação e às próprias carências. Mas há também uma boa causa para o crescimento populacional que é a elevação da expectativa de vida ao nascer, que passou de menos de 50 anos na metade do século passado, para aproximadamente setenta anos neste começo de milênio, graças aos avanços da medicina. Mas existem países na África em que a esperança de vida ao nascer pouco ultrapassa os quarenta anos.
Quando organizamos as populações dos países pobres pela faixa etária, observaremos que será desenhada uma figura semelhante a uma pirâmide, em que na base há um contingente enorme de jovens entre zero e 25 anos que ainda não contribuem com a geração da riqueza. Pior que isso, esses jovens não recebem educação adequada e tem o futuro comprometido pela falta de oportunidades que decorre também da baixa qualificação. No meio da “pirâmide etária” dessas economias encontraremos um pequeno segmento que é a população economicamente ativa que trabalha, gera renda, paga previdência e impostos para viabilizar a vida dos jovens, que estão na base da pirâmide e os idosos que estão situados no topo da “pirâmide”, ainda em pequena proporção. No Brasil apenas 7,5% da população tem idade acima de 65 anos.
Somos sete bilhões de pessoas num planeta que encolhe em espaço físico para a produção de alimentos, por várias razões: pela urbanização descontrolada das populações que avançam e ocupam espaços que outrora eram destinadas à produção de alimentos. Alem disso, acrescentes-se a degradação dos solos devido aos usos inadequados que, inclusive leva uma parte do planeta a formar desertos de difícil e cara recuperação.
Estima-se que a média da demanda diária de alimentos seja de aproximadamente um quilograma por pessoa. Isto significa que todos os dias o planeta tem que produzir ao menos sete milhões de toneladas, ou ao menos 2,56 bilhões de toneladas por ano de comida. Uma exorbitância e um grande desafio para todos nós. Como dá conta disso?
A produção agrícola avançou bastante, a partir da metade do século passado, graças aos avanços científicos e tecnológicos que promoveram o acréscimo no rendimento nas produções animal e vegetal. Contudo esse avanço não aconteceu impunemente. Com ele também vieram danos que degradaram recursos naturais, promoveram desflorestamentos, utilizaram matas ciliares de aquiferos de superfícies, cultivaram em encostas de morros, usaram máquinas pesadas que compactaram solos, usaram agroquimicos que contaminam aqüíferos de superfície e de sub-solo, o ambiente e reduzirem a biodiversidade.
Até aqui o mundo tem conseguido produzir alimentos em quantidade suficiente. Não obstante este fato estima-se que um sétimo da população do planeta passa fome. Passam fome porque não podem pagar os preços dos alimentos que são controlados por grupos internacionais que especulam com estoques e, por essa via, manipulam seus preços para incrementarem lucros, tornando-os inacessíveis aos segmentos mais carentes de renda.
O Relatório de Brundtland das Nações Unidas que foi redigido em 1987, na reunião que aconteceu em Oslo, Noruega, sugeria que os países precisavam tomar algumas providencias para que o desenvolvimento sustentável aconteça. Dentre as sugestões destacam-se: o controle do crescimento desenfreado das populações e a sua conseqüente urbanização, também descontrolada.
Óbvio que o controle do crescimento das populações deve ser pela via do esclarecimento dos casais em fase reprodutiva. Esclarecimento que somente é possível com educação. A única forma de conter o êxodo rural, por sua vez, é promovendo o desenvolvimento das áreas rurais para que as famílias rurais optem por ficar por lá.
Assim, as economias pobres precisam: fazer uma revolução na educação, reduzindo, ou zerando o percentual de analfabetos e elevando a escolaridade média das populações. Criar ambiente para a ampliação da produção de riquezas, com distribuição equitativa. Alem disso, deve haver intervenções que promovam o desenvolvimento rural que contribuirá, tanto para incrementar a produção de alimentos saudáveis, como para reter as populações rurais nas suas áreas. Grandes desafios, sem dúvida, contudo imprescindíveis!

Professor Associado na Universidade Federal do Cará.


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