domingo, 22 de abril de 2012

A boa conversa




A conversação é uma arte em que o indivíduo tem todos os homens por competidores, porque é o que praticam todos os dias da vida. Nosso modo de pensar – tomando os homens como são - não é satisfatório; segundo a experiência ordinária, receio que seja pobre e corrupta. O sucesso que os empolga é uma transação, um emprego lucrativo, uma vantagem obtida sobre um competidor, um casamento, um patrimônio, uma herança e outras coisas do gênero. Com tais fins, a conversação versa sobre questões superficiais: política, comércio, defeitos pessoais, más notícias exageradas e a chuva. É uma miséria, e eles têm uma sensação de irritação e nervosismo. Mas chegue uma pessoa que possa iluminar de pensamentos suas trevas, mostrar-lhes suas riquezas nativas, os dons que possuem, como cada um deles é indispensável, que poder mágico podem exerceu sobre a natureza e os homens, que acesso lhes é possível na poesia, na religião, nas forças que constituem o caráter, e acordará neles o sentimento da dignidade; suas sugestões requerem novos modos de viver, novos livros, novos homens, novas artes, novas ciências – então saímos de nossa concha para entrar na grande nave, para ver o zênite acima de nós e o nadir em baixo. Em vez de sermos reduzidos como o somos diariamente a vasos ou potes de conhecimentos, descemos às margens do oceano e mergulhamos as mãos nas vagas miraculosas. E o efeito sobre a sociedade é maravilhoso. Já não são os mesmos homens. Não livro, não há alegria comparável esse prazer.Perguntai-os o que temos de melhor em nossa experiência e responderemos que são esse momentos de verdadeira conversação com espíritos sábios. A conversação nos faz muitas vezes sentir que pertencíamos a círculos melhores que aqueles que havíamos conhecido, que um poder mental nos impele, poder cujas generalizações têm mais alegria e eficácia que tudo o que chamamos agora filosofia ou literatura. Em uma conversa animada, aprendemos os resplendores do Universo, as sugestões dos poderes nativos da alma.





Ralph Waldo Emerson


*

Nenhum comentário:

Postar um comentário