sábado, 21 de julho de 2012

Tempo


Olhamos para o tempo passado com saudade, para o presente com desprezo, e pra o futuro com esperança. Do passado nunca se diz mal; do presente continuamente nos queixamos, e sempre apetecemos que o futuro chegue. O passado parece-nos que não foi mais que um instante, o presente apenas mal o sentimos, e julgamos que o futuro está ainda mais distante. Para dizermos bem do tempo é necessário que ele tenha passado, e para o que desejamos é preciso considerá-lo longo. A vaidade faz-nos olhar para o tempo que passou com indiferença porque já nele fica sem ação. Faz-nos ver o presente com desprezo, porque nunca vive satisfeito. E faz-nos contemplar o futuro com esperança porque sempre se funda no que há de vir. Assim, só estimamos o que já não temos, fazemos pouco caso do que possuímos e cuidamos do que não sabemos se teremos.




Matias Aires


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