Foram eleitos graças á sua habilidade política, isto é, à sua habilidade de se mostrar, agradar, cortejar as massas, enganá-las, ser aplaudidos, obedecer à orientação do chefão ou partido, adaptar-se, engolir sapos. São, conscientemente ou não, subservientes, maleáveis, de consciência elástica, sem originalidade perigosa, sem idealismo, aventureiro e sem escrúpulos, mais próximos da mediocridade do que da excelência. De repente acham-se assediados por problemas afastados anos-luz do tipo de problemas que tiveram de enfrentar na sua caminhada política. Aqueles eram problemas políticos, relativos a influências veladas, a compromissos secretos, a discursos, acusações e refutações verbosas, publicidade,manipulações, favores concedidos aos poderosos e promessas feitas aos demais.
Os problemas que agora desafiam são problemas técnicos relativos a milhares de leis e projetos de leis, assuntos financeiros, econômicos. Militares, internacionais. Para resolvê-los deve-se possuir mil conhecimentos especializados acerca de matérias primas, petróleo, água, produção, poluição, navegação, marketing, importação e exportação, inflação, equilíbrio orçamentário, redução ou facilitação de crédito e tudo o mis. Problemas qie implicam uma linguagem diferente,só acessível aos especialistas, problemas que ultrapassam, incomodam, enfadam homens habituados a resolver tudo na base da retórica e da improvisação. Será de estranhar que tantas más administrações públicas resultem de contrastes tão flagrantes?
Will Durant
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