sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Verdade

Agora lhe parece um erro o que outrora você amou como sendo uma verdade ou probabilidade: você afasta de si e imagina que sua razão teve aí uma vitória. Mas talvez esse erro, quando você era outro – aliás, você é sempre outro -, lhe fosse tão necessário quanto as suas “verdades” de agora, semelhante a uma pele que o escondia e cobria muitas coisas que você ainda não podia ver. Foi sua nova vida que matou para você aquela opinião, não a sua razão: você não precisa mais dela, e agora ele se despedaça e a irracionalidade surge de dentro dela como um verme que vem à luz. Quando exercemos a crítica, isso não é algo deliberado e impessoal – é, no mínimo, com muita freqüência, uma prova de que em nós há energias vitais que estão crescendo e quebrando uma casca. Negamos e temos de negar, pois algo em nós está querendo viver e se afirmar, algo que talvez ainda não conheçamos, ainda não vejamos! Isso a favor da crítica.



Nietzsche


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