domingo, 28 de abril de 2013

Vida

Ninguém determina de antemão e do princípio ao fim o caminho que seguirá na vida. O máximo que fazemos é optar por trechos, com maior ou menor ousadia, à medida que prosseguimos em frente. Ocorre que, a cada novo trecho do caminho, nos deparamos com novas realidades e com possibilidades desconhecidas que alteram não só as nossas expectativas sobre o futuro, mas que podem colocar o percurso já transcorrido sob nova luz e perspectiva. O conhecer modifica o conhecido. É por isso que tudo o que vivemos, ou seja, toda a nossa experiência passada e a imagem que temos de nós mesmos são na melhor das hipóteses construções provisórias, sujeitas a revisões mais ou menos drásticas de acordo com o caráter do que vamos descobrindo e vivenciando ao longo de nossa trajetória pessoal. A literatura mostra e a vida comum confirma que experiências críticas em nossos percursos – doença grave, uma perda sentida, uma conversão espiritual, uma crise afetiva, um acidente, um desafio profissional, uma terapia profunda – podem nos levar a rever profundamente o valor e o sentido de nosso passado e as crenças que alimentamos sobre nós mesmos. Nenhum ser humano pode descartar o risco de, na manhã cansada de um dia anêmico, descobrir-se repetindo em silêncio para si o lamento do peta:”Fiz de mim o que não soube, e o que podia fazer de mim não o fiz!”.



Eduardo Giannetti




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