quarta-feira, 8 de maio de 2013

Movimento

A vida consiste em movimento,disse Aristóteles. Assim como nossa vida física consiste apenas em movimento incessante e só persiste por meio dele, também nossa vida interior e intelectual requer ocupação contínua, com qualquer coisa, pela ação ou pelo pensamento. É o que prova a mania de algumas pessoas desocupadas e sem ter o que pensar, que logo passam a tamborilar com os dedos ou qualquer objeto. Nossa existência é essencialmente irrequieta, de modo que a inatividade completa se torna algo insuportável, porque conduz ao tédio mais horrendo. Deve-se então regular esse impulso com o intuito de satisfazê-lo metodicamente e da melhor maneira possível. Assim, a atividade, a prática e a execução de algo que permita pelo menos aprender é indispensável à felicidade do homem, pois suas forças requerem emprego, e ele mesmo gostaria de observar algum resultado. A esse propósito, no entanto, a grande satisfação é obtida em fazer bem, em confeccionar, seja em cesto ou um livro. Mas o que proporciona a felicidade imediata é poder ver , dia após dia,, uma obra crescer pelas próprias mãos, até finalmente alcançar a perfeição. É o caso de uma obra de arte, de um texto ou mesmo de um mero trabalho mnual; é claro, quanto mais nobre a obra, maior o prazer. Desse ponto de vista, mais felizes são os indivíduos altamente dotados, conscientes de sua capacidade de produzir obras significativas, grandiosas e coerentes.


Schopenhauer



*

Nenhum comentário:

Postar um comentário