sábado, 30 de novembro de 2013

Vulgar

Que prazer lhes pode fornecer o convívio com seres com os quais só podemos travar relações por intermédio do que há de mais baixo e menos nobre na natureza humana, ou seja, o banal, o trivial e o comum? Esses seres formam uma comunidade e, como não podem elevar-se à altura dos primeiros, só lhes resta – e essa é a sua única ambição – rebaixá-los ao seu nível. Assim, é um sentimento aristocrático aquele que alimenta a tendência para o retraimento e a solidão. Todos os velhacos são sociáveis, quão lastimável! Em contrapartida, percebemos que um homem é de estirpe nobre quando mostra, antes de tudo, que não prova satisfação em estar com os outros, mas prefere cada vez, mais a solidão à sociedade, para então chegar gradualmente, com o passar dos anos, à intelecção de que, salvo raras exceções, no mundo há apenas uma escolha: aquela entre a solidão e a vulgaridade. Até Silesius(*), apesar de sua benevolência e de seu amor cristãos, não pôde deixar de exprimir o mesmo:
“A solidão é penosa, no entanto, evita ser vulgar. Em toda parte podes estar num deserto”.





Schopenhauer



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