Viver sem nome, e modo obscuro para não despertar inveja ou hostilidade, com a cabeça fria, um punhado de conhecimento, bagagem plena de experiência, ser para o espírito uma espécie de médico dos pobres e ajudar um ao outro cujas cabeças estejam perturbadas pelas opiniões, sem que ele perceba que o ajudou, saber ser pequeno para ser acessível e não humilhar jamais, ignorar muitas injustiças e rastejar como verme através de todas as espécies de erros, para poder alcançar as almas secretas em seus caminhos mais recônditos, viver sempre numa espécie de amor e sempre com o mesmo egoísmo e a mesma alegria de ser, possuir poder e ao mesmo tempo ser retirado e resignado, banhar-se sempre ao sol da suavidade e da graça, seguro de que o acesso ao sublime está sempre à mão – eis o que seria uma vida! Eis a razão para viver um longo período.
Nietzsche
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