terça-feira, 17 de maio de 2011

Virtuosa

Em diferentes épocas e entre diferentes povos, surgiram várias e variadas concepções acerca do que seria uma vida virtuosa. Em certa medida, tais diferenças eram passíveis de argumentação; isso quando os homens divergiam quanto aos meios de atingir determinado fim. Para alguns, a prisão é uma boa forma de impedir o crime; outros sustentam que a educação seria melhor alternativa. Uma divergência de tal natureza pode ser resolvida com provas suficientes. Mas algumas divergências não podem ser testadas dessa maneira. Tolstoi condenava toda e qualquer guerra; outros julgavam que a vida de um soldado emprenhado em combater pela justiça era extremamente nobre. Aqui provavelmente estava implicada uma real divergência quanto aos fins pretendidos. Aqueles que reverenciam o soldados não raro consideram a punição aplicada aos pecadores algo bom em si mesmo. Tolstoi não pensava assim. Para tal questão nenhum argumento é possível. Não posso, pois, provar que minha concepção de uma vida virtuosa esteja correta; posso apenas expô-la e esperar que com ela concordem tantos quanto for possível. Eis o que penso: “A vida virtuosa é aquela inspirada pelo amor e guiada pelo conhecimento”.


Bertrand Russell


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